AS HUMANAS-HOMINÍDEAS MARGENS
( Nosso pequeno Dia de Sol no Amplo Amor )
PRIMEIRA PARTE
EPÍGRAFE
Na Teia Grandiosa da Vida é muito mais do que provável
que a espécie "sapiens" ____ considerando a riqueza deste
período se visto bem de perto ___ tenha convivido e se mes-
clado com seu parente mais robusto, de igual modo inteligen-
te e capaz de afeto ___ o Neandertalensis.
É possível imaginar, também, os Humanos e Hominídeos
reunidos num Dia de Sol. De um Sol que não se põe porque,
em nossas Margens tem sido, é, será sempre ___ esperanço-
samente e em flor ___uma Porta Aberta, de Pétala Presente
e Futura. Porque dentro de nós o tempo não só é o tempo __
ele cultiva Rosas.
"Fizemos foi Carnaval !..."
(Oswald de Andrade )
Abria-se a Planície.
Pegando os apetrechos de caça, o sol se seguia,
buscando-se um lugar mais recolhido de algum repouso.
Bandeando-se seguiam intervalados. E a cascalheira re -
fletia o revérbero da realeza do enorme, grande astro __
no implacável do meio dia, mas, brisa sortida trazia um
frescor e um perfume certos, levantando o chão, mos-
trando um pouso.
Já há semanas ___ se comia o que se coletava__não
se pode falar de semanas. ___Bem na verdade marcava-
se segundo as expectativas ___ sempre um frutinho ou
outro sobrava , uma reentrância não explorada e , até
porque, pra refrescar esta franja verde profunda o rio se-
guia perto, e o que se coletava, ao se comer, transfundia
a alma daqueles oásis encontrados na imensa caminhada
pelos ermos, não desertos, pontilhados porém de ilhas
de verde que lembravam o grande rio de águas salgadas
( e era o Oceano ) que já haviam encontrado certa vez
em seus feitos.
Tentaram levar um pouco de água... que evaporou.
A lembrança do susto imenso das ondas nas rochas
os acompanhando. O então, mágico, ficou marcado por
uma gota de sal. O pelo dos seres ___ as mãos em visei-
ras-viseiras ___ sondando com exclamações o que exis-
tia depois ___ e mesmo antes, a vida unida em suas mui-
tas águas ___daquelas muitas águas de imensos movi-
mentos criativos, amplas como as profundidades da paz
em mundos verdes, ligados ao azulado ___ e brancas as
nuvens ___do fundo dos céus. O sol se banhando nas
águas sugeria uma outra luz. Uma luz de chegada.
Achegaram-se repartindo sal.
Gritaram, solícitos, como numa grande canção.
Outros dias, outras luzes... e a Planície, quase eterna,
sempre chamando.
Um dos líderes rechamou a todos que encontrara es-
parramada no chão uma velha-recente carcaça.
Como sempre acontecia nestas ocasiões, grande o a-
larido. Grande a expectativa.
Ossos, sangue, pedaços de carne.
Trouxeram-se cestos, buscando guardar a alma do
ser que se foi finado___preparativos da refeição ritual,
amaciando com os dentes, como faziam com o couro,
todos os acasos da espera. Tinham ___ ancestral e fu-
tura ___ fome .Precisavam da luz das fogueiras.
A noite brilhou uma grande estrela. Outras vieram
somar-se esttrelinhas ___ um universo azul e branco.
Aqueles páramos chamavam... como se dentro deles
houvesse um ponto de encontros. Como se no sol cou-
besse luar.
Eram muito grandes, imensas, as planícies do céu.
A viagem e o erradio deles não tinha pouso fixo.
E a jornada era um só olhar...guardava...guardava
a promessa de um tesouro.
Surgiam manadas de algo como búfalos ___ os pe-
los eriçados.
Cervos, antílopes, pequenos roedores; sol, o velho
sol se renovando como se fosse um musgo.
A cça era um instante especial : todos colaboravam.
Sentiam-se agonizar com a presa ___pelo menos nes-
tes instantes de pura sobrevivência ... gritavam___
ermos no tempo com um significado de Vida. E de Vi-
da,plena de luz vívida, vivida. Só mais tarde surgiriam
caçadores frios que embolsavam a carne mais tenra __
mas que se tornaram duros ___ armados antes por
dentro que por fora, com as pedras lisas do silêncio in-
teressado.
A inocência da caça então se perdeu, substituída,
entanto, por uma Ciência Nova e que se fazia novidade.
O grupo prosseguia___ prossseguimos, uma via-
gem não mais arrastada. As barcas com todas as Par-
cas da Chegança. Afinal ainda cremos que a linha que
nos tece é de luz. Somos o detrás do arco-íris ___car-
ne nobre. Somos rentrância da carne no tempo. Ven-
cemos a Pobreza . Inauguramos o novo sol, rostos
iluminados.Percurso da manhã à tarde e novamente à
manhã. A noite é o dia do Sonho.
Alguns com peles lustrosas, outros em trançados
linhos, vestes mais leves __todos tatuados da perten-
ça de um grupo em amor. Não só as bocas, todos os
corpos queriam lambuzar-se, lamber o Sal. O sol amai-
nava o furor pontudo de suas setas, um véu. Coava
entre nuvens___ destacava a eles todos com novas
sombras___ e longas e longitudinais ( mesmo que em
rumo de meio dia ).
Deixamos a planície, o caminho das savanas ___ a-
dentramos e saímos das cavernas ___ desfazemos o
gelo glacial... tentamos criar raízes.
Cachoeiras, florestas, plainos, cânions, vales, pare-
dões de "cliffs", muralhas de arenito, argila, terracota
vermelha e de pálidos amarelos... golfos, baías cálidas,
cálidas ou pálidas enseadas...bosques floridos... o pên-
dulo natural sempre a girar, indicar. Esferas que inau-
gurais. A raiz do olhar em olhares. E "assim fomos cor-
tando aqueles planos que nenhuma geração não pene-
trou..."
A planície chamava, o sol chamava, como se hou-
vesse um encontro.
O dia declinava mais uma vez no eito preguiçoso
de fruto novamente colhido, à bandeja entre pós __
o tempo. Na luz frouxamente perfeita do provisório
declínio ___ um dia de sorte ___ e um elevou a voz,
tirando dos gutúrios um riso melódico de satisfação.
A luz do sol era infinita. repercutiu a melodia por to-
dos os ocos e vales, nittidamente perfeita nas imper-
feições: Ah!... foi o primeiro, resoluto ,"carpe diem".
Às vezes volteavam, como que dando voltas ritu-
ais em torno do sol, nessa aventura sem centro ___
por isso toda centros___ os velhos caminhos com
pedras, eles indicavam com inserena reciprocidade
os idos. Por um fenômeno de margens que se comu-
nicam estavam todos __inda vivos. Escondidos nas
quebradas do Vento ...Que casa, ah! que exista, mais
confortável ?!...
Quem pode explicar o Amor : Quem pode expli-
car o pertencimento ? O grande meteoro veio de lon-
ge, do espaço ___ trazia uma escureza toda luz ___
uma carta, uma fonte de e-mails, um bilhete colorido ,
um recado. E dizem que caiu. Caiu nas montanha que
circundavam as savanas, abrindo rios de fogo (Santo
Fogo !...). E os rios escavavam a terra, desalojando,
derretendo minérios ( e muito ouro, fazendo algo mai-
or !) ___ algo flexível como quentura doce das águas
___ carne de sol... de mel. Serenas de Promessa Efe-
tiva : Antivirulências.
Foi quando uma espécie nova se formou. Porque a
Terra, ela chamava para as posses aquáticas da Paz.
Queria amar, queria o Amor, sob um sol novo.
(Fim da Primeira Parte )