Contos do eremita

Fogueira azul, chuva tão misteriosa quanto a transparência e pureza de suas águas. Clareira, troncos em volta da fogueira. Lá vem a garota novamente para me fazer algumas perguntas. Sempre eu com esse capuz, fadado a estar. Sempre a garota ou alguém a perguntar. Enredo batido, se não mudassem as perguntas e alguns detalhes.

- Olá, ancião.

- Você de novo, garota? Você deveria sumir um pouco, para que venham outros.

- Eu sumi. E nenhum deles veio - responde ela.

- Entendo...e você quer perguntar algo?

- Como sempre, quero perguntar o que diabos é você - diz ela, sentando-se em um dos troncos que jaz em volta da fogueira.

- Você não se cansa de perguntar mesmo isso... e eu nunca sei o que sou-respondeu ele.

- Você não sente raiva de ter sido criado assim, imperfeito e sem saber o que é?

O ancião suspirou. E fez um barulho esquisito, parecendo coçar a garganta.

- Não. Há um sentido para tudo. A imperfeição é perfeita. Se não houvesse imperfeição, não haveria para onde evoluir. Não saber o que é te dá algo para procurar. No mínimo, há sempre dois lados de uma questão, e um terceiro de quem os põe na balança.

A garota se levantou e saiu andando. Talvez, foi procurar algo.

O eremita.

Dija Darkdija
Enviado por Dija Darkdija em 07/07/2011
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