DE ONDE NÃO SE ESPERA

Acordou numa enfermaria de hospital público. "Quantas horas seriam?" viu a seu redor umas poucas camas ocupadas, sinal que como o dele não aconteceram muitos acidentes naquele dia. Levou pouco tempo para lembrar o que lhe aconteceu. Disseram que foi uma batida no dia anterior, de seu carro contra um poste. Nenhuma vítima, paneas ele.

Longe, lá no fim do corredor, vozes, médicos e enfermeiras certamente. Teve que se voltar para esquerda na tentativa de ver quem dormia com interrompidos roncos que lhe pertubariam quando tentasse retomar o sono. "Preciso dar um jeito de cair fora daqui" Pensou sem entender que era alta madrugada e o único jeito de passar o tempo seria dormindo até que a manhã lhe desse novos rumos e vendo que seu corpo marcado por hematomas aparentemente leves não assustava tanto tentou voltar ao sono, dando uma pancadinha na cama do rocador que parou momentaneamente, mas reiniciou deixando ver que a noite iria se arrastar com aquela perturbação. Passou. Dormiu.

Da distancia de alguma casa perto umgarnizé emitia seu cantomadrugador e pela manhã aproximou-se uma enfermeira com comprimidos e um pouco mais tarde um carrinho com alimentação. Depois o médico, dando explicações sobre sua situação e lhe disse que ficaria mais um tempo em observação por via das dúvidas, já que seu quadro não oferecia riscos visíveis de ferimentos ou fraturas, 48 horas em observação e que se passaram 24 desde o acidente na manhá do dia anterior.

As últimas 24 horas contudo foram solitárias porque não tinha recebido a visita de ninguém, sentiu-se sorumbático ao ver todos ao seu redor com famílias, alguns em franca alegria e ele não teve qualquer sinal de apois solidário. Acreditava que alguns vizinhos tivesse sido informados sobre seu acidente e a despeito de um irmão que morava em um bairro distante e fosse realmente desleixado, este poderia te-lo visitado, se importado com ele. De resto seus parentes eram todos do interior. Amigos, ultimamente, ainda mais naquela hora ele viu que eram mesmo muito estranhos e deu de ombros entristecido com o abandono numa hora daquelas. "Ninguém, diacho!"

Contudo, uma visita surgiu para mostrar que não se interna sem que alguém vá ve-lo, Alías ele mesmo pensou. "É possível que nunca aconteceu de um paciente ficar sem uma visita.

- Quem seria? - Perguntou à enfermeira que mandou o recado sobre alguém que estava na portaria pronto para subir e lhe fazer uma visita.

- Não sei, falou que veio te visitar e trás um buquê de rosas. Mando subir?

- Como não? - Claro! - Respondeu entre entusiasmado e curioso.

Quando a porta abriu, veio misturado entre a visita de um outro paciente um senhor de cerca de cinquenta anos. usando uma roupa formal e lhe cumprimentou com fina educação, e entregando o buque de rosas, perguntou sobre seu estado de saúde e se teria alguem para contato e ciência de sua internação.

Tanto interesse deixou-o estupefato, mas quando as coisas voltaram ao normal, sentiu apenas a curiosidade de saber quem seria aquele estranho que superou suas expectativas com tal receptividade solidária e perguntou:

- Nos conhecemos de onde mesmo?

- Na verdade não nos conhecemos, sou da companhia força e luz e venho ver com faremos para o senhor ressarcir-nos do dano causado ao poste em que voce bateu.

- Novamente deu de ombros e pensou silencioso:

"Nenhuma diacho! Nenhuma visita sequer!

Baseado numa anedota contada pelo amigo Andre Silva de BH.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 01/07/2011
Reeditado em 09/02/2023
Código do texto: T3069460
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