São Paulo de Piratininga, cidade infinita

1ª prova sofística da infinitude de Piratininga:

Caminhe pela Rua Aurora em toda a extensão, cumprimente as pessoas à calçada, certificando-se de que as encontrará ao voltar. Chegando a uma das extremidades da rua, volte; caminhe pela Rua Aurora em toda a extensão. Cumprimente as pessoas à calçada, certificando-se de que as encontrará ao voltar. Volte, ao chegar a uma das extremidades da rua. Caminhe o dia inteiro, volte-se o dia inteiro, rodopie num mesmo eixo eventualmente, cumprimente pessoas o dia inteiro, busque uma visão panorâmica na sacada dos casarões habitados por aparelhos eletrônicos.

Não serás reconhecido por ninguém: em São Paulo de Piratininga ninguém é igual a si quando caminha; e todos os homens são infinitos, com infinitos rostos e infinitas silhuetas, infinitos andares. Quem está em movimento, está sob a égide do infinito devir da cidade que se desdobra.

1ª prova em forma de silogismo:

Se uma rua é a mesma num lapso curto de tempo e

Se os habitantes são os mesmos num lapso curto de tempo e

Se um homem a caminhar é sempre o mesmo num lapso curto de tempo e

Se todo homem reconhece aquilo que lhe é familiar e

Se ser familiar é ser o mesmo para si e para outro e

um mesmo caminhante, familiar para todos não é reconhecido num curto lapso de tempo,

então a rua não é a mesma para si. Piratininga varia...

Danilo da Costa Leite
Enviado por Danilo da Costa Leite em 29/06/2011
Código do texto: T3064428
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