São Paulo de Piratininga, cidade infinita
1ª prova sofística da infinitude de Piratininga:
Caminhe pela Rua Aurora em toda a extensão, cumprimente as pessoas à calçada, certificando-se de que as encontrará ao voltar. Chegando a uma das extremidades da rua, volte; caminhe pela Rua Aurora em toda a extensão. Cumprimente as pessoas à calçada, certificando-se de que as encontrará ao voltar. Volte, ao chegar a uma das extremidades da rua. Caminhe o dia inteiro, volte-se o dia inteiro, rodopie num mesmo eixo eventualmente, cumprimente pessoas o dia inteiro, busque uma visão panorâmica na sacada dos casarões habitados por aparelhos eletrônicos.
Não serás reconhecido por ninguém: em São Paulo de Piratininga ninguém é igual a si quando caminha; e todos os homens são infinitos, com infinitos rostos e infinitas silhuetas, infinitos andares. Quem está em movimento, está sob a égide do infinito devir da cidade que se desdobra.
1ª prova em forma de silogismo:
Se uma rua é a mesma num lapso curto de tempo e
Se os habitantes são os mesmos num lapso curto de tempo e
Se um homem a caminhar é sempre o mesmo num lapso curto de tempo e
Se todo homem reconhece aquilo que lhe é familiar e
Se ser familiar é ser o mesmo para si e para outro e
um mesmo caminhante, familiar para todos não é reconhecido num curto lapso de tempo,
então a rua não é a mesma para si. Piratininga varia...