Um grande segredo (EC)
Essa sempre foi a palavra preferida deles: loucura. Tudo o que ela fazia era assim classificado: loucura. Ela tanto ouviu que acabou acreditando – era uma louca varrida e tudo o que fizesse estaria plenamente justificado. Era uma pessoa incapaz de um ato que não fosse insano. Mas sua insanidade acabava dando certo, como se ela tivesse uma bola de cristal e antevisse os resultados. E os resultados sempre eram a sua felicidade e paz de espírito.
Muitas vezes ela mesma se dizia: isso não vai prestar. Mas pelo menos por certo tempo prestava e ela se sentia feliz, muito feliz. Foi assim quando permitiu que Ele entrasse em sua vida. Durou pouco, mas quem disse que tudo tem que ser eterno? A vida se vive passo a passo, uns passos são mais tranqüilos, outros dolorosos, o importante é que sejam sempre para frente. Avançando em busca de algo que nem se sabe bem o que seja, mas que valha a pena.Mas a loucura maior se deu quando ela resolveu trocar a sua casa pela casa da faxineira, lá naquele povoado distante e perdido. Não que ela achasse que tivesse sido, mas eles sim, os irmãos. Ela está completamente louca, vamos ter que interditá-la. Tentaram, mas não conseguiram. Ela nem ficou zangada, já estava acostumada. É claro, não esqueceu o comportamento abusivo deles, mas fingiu. Não queria brigar com ninguém, só viver em paz. Sabia que eles nunca conseguiriam um médico que a diagnosticasse como louca, simplesmente porque não era louca. E só tinha a agradecer por eles não serem tão atentos, os irmãos. Porque ela fizera sim, muitas loucuras que poderiam levá-la a interdição. Mas eles não descobriram e não seria ela quem iria contar. Eram seus segredos, principalmente um. O grande segredo de sua vida. Que assim deveria continuar, por todo o sempre. Pela eternidade.
(Mais um capítulo de A Mulher Ensombrada - romance formado por contos avulsos e desordenados, de acordo com os temas do EC)
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Loucura
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/loucura.htm
Essa sempre foi a palavra preferida deles: loucura. Tudo o que ela fazia era assim classificado: loucura. Ela tanto ouviu que acabou acreditando – era uma louca varrida e tudo o que fizesse estaria plenamente justificado. Era uma pessoa incapaz de um ato que não fosse insano. Mas sua insanidade acabava dando certo, como se ela tivesse uma bola de cristal e antevisse os resultados. E os resultados sempre eram a sua felicidade e paz de espírito.
Muitas vezes ela mesma se dizia: isso não vai prestar. Mas pelo menos por certo tempo prestava e ela se sentia feliz, muito feliz. Foi assim quando permitiu que Ele entrasse em sua vida. Durou pouco, mas quem disse que tudo tem que ser eterno? A vida se vive passo a passo, uns passos são mais tranqüilos, outros dolorosos, o importante é que sejam sempre para frente. Avançando em busca de algo que nem se sabe bem o que seja, mas que valha a pena.Mas a loucura maior se deu quando ela resolveu trocar a sua casa pela casa da faxineira, lá naquele povoado distante e perdido. Não que ela achasse que tivesse sido, mas eles sim, os irmãos. Ela está completamente louca, vamos ter que interditá-la. Tentaram, mas não conseguiram. Ela nem ficou zangada, já estava acostumada. É claro, não esqueceu o comportamento abusivo deles, mas fingiu. Não queria brigar com ninguém, só viver em paz. Sabia que eles nunca conseguiriam um médico que a diagnosticasse como louca, simplesmente porque não era louca. E só tinha a agradecer por eles não serem tão atentos, os irmãos. Porque ela fizera sim, muitas loucuras que poderiam levá-la a interdição. Mas eles não descobriram e não seria ela quem iria contar. Eram seus segredos, principalmente um. O grande segredo de sua vida. Que assim deveria continuar, por todo o sempre. Pela eternidade.
(Mais um capítulo de A Mulher Ensombrada - romance formado por contos avulsos e desordenados, de acordo com os temas do EC)
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Loucura
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