Banquetes e lágrimas

A mesa farta sempre foi o grande sonho, talvez o único de minha mãe. Quanto mais gente se fartasse do seu banquete, mais feliz o seu Natal.

Papai Noel era o foco da atenção e a discussão, era sobre o que haveríamos de ganhar, meus dois irmãos e eu.

Enquanto isso na cozinha, minha mãe guardava as lágrimas no caldeirão e sorria um sorriso comprado no armazém. Pois, meu pai, macho de bêbado, ameaçava jogar toda a comida aos cachorros no quintal. Ninguém podia saber que papai não era santo todo dia, principalmente quando bebia e, nenhum dos filhos sequer sonhava seu sofrimento de mulher sujeita às tradições.

Muitos Natais brindaram nossa casa e sempre a mesma cena se repetia: lágrimas e lágrimas guardadas sem serem vistas, sorrisos vistos sem serem sentidos, mas, o sonho que não podia ser outro, realizado. A mesa farta, o avental finalmente no encosto da cadeira e todos ao redor da ceia.

Rossan
Enviado por Rossan em 25/06/2011
Reeditado em 18/02/2017
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