HÁ UM ANJO NA RUA CARMENSE
Há um anjo que, em noite de verão, visita-nos com ares de criança, vestindo luar e vindo de não sei qual céu. Para vê-lo, muitos já o viram, basta postar-se no portão ou sacada e olhar com ternura a rua cheia de sons e movimentos.
Certa noite surpreendi-me vendo-o flutuar no ar morno, perseguindo bicicletas e sorrindo ao pegar carona. Quando se sentiu cansado, acomodou-se no muro pintado de adolescentes, sorriu com eles todos os risos, partilhou seus sonhos, brincou de brisa soprando-lhes os cabelos e, quando o último chamado tornou a rua vazia, sentou-se no cordão da calçada e assustou a manhã, que o encontrou num misto de triste e feliz, aguardando um raio de sol para retornar.
Música de Águas/Ed. Tchê