Quarto vazio
Quarto vazio, de saco cheio. Tudo jogado em lugar nenhum. A bagunça dos objetos atulhados era o exatamente nada.
Estava em algum lugar da cama. Não, não estava. Não estava ali ou em lugar nenhum: espaço-temporalmente ausente. Nem um corpo quente no seu lado era coisa alguma, ou era, uma coisa. Por que estar? Por que não?
Dia lindo lá fora. O que melhor do que não sair?
Sem sair do lugar, tirou a roupa que não vestia, e colocou a última possível. Roupas do gênero trocado? Nada é errado, não se tem que ser nada. Pulou pra debaixo da cama, encontrou a garrafa vazia e a tomou toda. Nada como embriagar-se de nada.
Adormeceu, um sono sem sonhos. Nada pra contar depois.
Esvaziado mais um quarto vazio.