UM MILAGRE EM GOROBIXABA (Aleixenko Oitavo)
UM MILAGRE EM GOROBIXABA
PERPÉSTUMA ouviu o pai falar á mãe que seu irmão TOTOL só se salvaria da morte por um milagre. Ela nos seus cinco anos completados naqueles dias; e esperta como ela só. Já sabia até somar e conhecia de dinheiro; tanto que tinha seu cofrinho particular.
Ao ouvir aquela conversa foi direto para seu quarto e pegou seu cofrinho, que estava escondido no armário. Derramou todas as moedas sobre a cama; e contou uma por uma, com muito cuidado, três vezes. O total precisava estar exatamente correto. Não podia haver erros. Pois ela ia comprar a cura para seu irmão. Pegou uma quantia que achou suficiente.
Ela sabia que remédios eram comprados em farmácias; e foi para lá que ela se deslocou. Chegando lá esperou com paciência o farmacêutico lhe dirigir a palavra, mas ele estava ocupado demais. A garotinha ficou arrastando os pés para chamar atenção, mas nada. Pigarreou, fazendo o som mais estridente possível, mas não adiantou nada. Por fim tirou uma moeda do bolso e bateu com ela no vidro do balcão.
Aí funcionou!
O farmacêutico irritado perguntou:
- O que você quer? Não vê que estou conversando com o este senhor?
A garotinha explicou:
- Bem, eu queria falar com o senhor sobre o meu irmão.
O farmacêutico agora realmente irritado, quase grita:
- E o que eu tenho com seu irmão?
PERPÉSTUMA muito educadamente e calma respondeu:
- Ele está muito, mas muito doente mesmo, e eu quero comprar um milagre.
Desta vez o farmacêutico gritou:
- Que diacho de milagre menina. Não vê que aqui é uma farmácia e não uma igreja!
A garotinha continua explicando:
- Ele tem um caroço muito mal dentro da cabeça dele e o meu pai diz que ele precisa de um milagre. Então eu queria saber quanto custa um milagre.
Percebendo a inocência da criança; e agora mais compreensivo o farmacêutico confabula com a garotinha:
- Não vendemos milagres. Sinto muito, mas não posso ajudá-la.
Ela tenta contra argumentar:
- Eu tenho dinheiro. Se não for suficiente vou buscar o resto. O senhor só precisa me dizer quanto custa.
O senhor que estava conversando com o farmacêutico era Sir ALEIXENKO OITAVO, Primeiro Ministro de Gorobixaba; e ele percebendo a intenção da garotinha, abaixou-se um pouco e perguntou-lhe:
- De que tipo de milagre o seu irmão precisa?
- Não sei. Só sei que ele está muito doente e a minha mãe disse que ele precisa de uma operação, mas o meu pai não tem condições de pagar, então eu queria usar o meu dinheiro.
O Primeiro Ministro perguntou novamente:
- Quanto você tem?
- Sete goxas, senhor $gx7,00. Aqui comigo, mas tenho mais no meu cofrinho lá na minha casa.
Sir ALEIXENKO continuou palestrando:
- E no total: aqui somado ao que você tem na sua casa?
- Lá no meu cofrinho tenho mais $gx5,57 (cinco goxas e cinqüenta e sete centavos).
Sir ALEIXENKO somou para a ela:
- Num total de $gx12,57 (doze goxas e cinquenta e sete centavos).
PERPÉSTUMA foi logo adiantando:
- Mas posso arranjar mais se for preciso.
O Primeiro Ministro exclamou:
- Mas que coincidência! O preço exato de um milagre! São estes sete goxas!
Pegando uma das mãos da menininha, ele disse:
- Mostre-me onde você mora, porque quero ver o seu irmão e conhecer os seus pais. Vamos ver se compramos o milagre que você precisa.
Ela o levou até sua casa, o apresentou aos seus pais e ao seu irmãozinho TOTOL.
Imediatamente sir ALEIXENKO OITAVO, Primeiro Ministro de Gorobixaba o levou para o HEGO (Hospital Ergométrico de Gorobixaba), onde ele foi operado pela médica ALMANIKOVA MARCONINSKY; sendo que a cirurgia foi feita sem ônus para a família.
Mais tarde os pais estavam conversando alegremente sobre todos os acontecimentos que os levaram àquele ponto, onde o filhinho TOTOL estava praticamente à morte e agora, após a cirurgia, estava fora de perigo; foi quando a mãe disse em voz baixa:
- Aquela operação foi um milagre. Quanto será que custou?
A garotinha PERPÉSTUMA estava ouvindo; e sorriu, pois sabia exatamente o preço: $gx7,00 (sete goxas).
Mais a fé de uma criancinha.
Um milagre não é o adiamento de uma lei natural, mas a operação de uma lei superior.
((janeiro/2000))
Por ALEIXENKO OITAVO, Primeiro Ministro de Gorobixaba