AMORES E INFÂNCIA
Todos os dias eram especiais, brincavam, corriam e faziam comida em fogões improvizados nos pátios ou, ainda, balançavam-se nos galhos das goiabeiras quais pêndulos vivos marcando o tempo, apenas desfrutando o prazer de serem crianças por toda aquela vida.
Meninos e meninas iguais no riso e nas vontades.
Porém certa vez alguma coisa mudou, quando, sentados sobre o muro, ela perguntou-lhe se gostaria de ser seu namorado e ele, sem ousar fitá-la, respondeu afirmativamente, olhando um céu prenunciando chuva.
Depois disso, naquele resto de tarde, ficaram sorrindo e olhando-se através da janela, separados pela água que caía dos telhados. Nos dias seguintes tornaram-se prazerosos os favores comuns, do tipo segurar os livros e fazer dupla constante em todas as brincadeiras.
Eram mais que amigos e, ao chegarem as férias, chorou ao vê-la partir.
Parecia haver perdido tudo, nada mais existia...
Foi seu primeiro sofrer de amor.
Música de Águas/Ed. Tchê