I Wanna Be Adored - Parte III
Enchi o tanque da SUV com o pau duríssimo. Ela precisava viajar à noite, depois do trabalho. Me INTIMOU a ligar pra ela nas próximas oito horas, senão ela ia trocar de posto. Seria imperdoável perder uma cliente daquelas, não é!? É. Dei uns bombons de cortesia, sorri tolamente quando ela me buzinou enquanto ia caindo na avenida que a levaria para seu hospital, para cuidar de felizes enfermos. Pedi aqueles dez minutinhos e bati duas punhetas sem tirar a mão.
Era sexta-feira e cheguei em casa feliz da vida. Tomei um bom banho, retirei minhas penugens faciais e pubianas, me barbeei, joguei algumas roupas numa valise velha e caí na noite de lua cheia pra esperar a Alê me pegar. A gente ia viajar pro litoral.
Eu explico: assim que saí do banheiro do posto com as pernas moles, peguei o telefone e imediatamente disquei aquele número. Eu já sabia de cor. Tinha rasgado o papel logo no primeiro dia, mas, felizmente ou infelizmente, eu era bom em decorar números de telefone. Principalmente quando eu sabia que do outro lado da linha tinha uma foda saborosa me esperando.
Marcamos numa rua neutra, atrás de um dos maiores cemitérios da América Latina. Ela chegou uma hora atrasada. “Desculpa anjo, meu marido quase põe tudo a perder falando que as reuniões dele no interior já tinham terminado e que ele ia pra casa do litoral ficar me esperando”. Caralho, pensei. “E o que você falou?”. “Falei que era melhor ele curtir uns dias no interior porque a caseira tinha falado que a casa tava infestada com uma praga dos infernos lá e que a casa seria dedetizada no fim de semana”. Nossa, pensei. E falei: “E qual foi o paradeiro que você inventou pra ele?”. “Não importa, vem cá e me dá um beijo, seu tesudo”.
E voou pra cima do meu colo feito um leopardo atacando uma zebra indefesa. Eu já fui enfiando as mãos naqueles peitões feitos de TNT, e, caralho, eram estranhos! A consistência deles. Silicone. Eu tenho mão grande e minha mão grande não conseguiu pegar aquele peito inteiro; precisei das duas. E enchi a boca neles, ah se enchi, e ela ficava roçando a virilha no meu cacete que nem uma puta desesperada. Contivemos-nos antes que a iminente e sangrenta trepada começasse ali mesmo.
Descemos a serra conversando sobre assuntos diversos e dando uns pegas quando surgia um farol, um trânsito ou um pedágio. Já tava com as bolas doendo. Ela era uma tesuda de primeira. Fiquei imaginando-a montada num salto alto desfilando pelada no quarto. Quase soquei uma ali no banco do carona daquele cara lá que vivia tentando me sacanear no posto. Aliás, foi a primeira vez que me lembrei da existência dele; ela estava sem aliança. Pedi que ela a colocasse de volta – daria mais prazer à minha aventura-sexual-e-vingança - e ela me mandou tomar no cu e respeitar o marido dela. Que mina louca!
Chegamos finalmente a casa. Casa enorme. Parecia aquelas casas praianas da Casa Claudia. Tinha jacuzzi, ofurô, lareira, um laguinho natural no quintal, com fonte e uns sapos idiotas segurando plaquinhas idiotas do tipo “seja feliz”. Ah sapinhos, mas eu serei feliz MESMO, murmurei e ela perguntou o que eu tinha falado, no que eu disse que era um belo quintal, aquele. Após me apresentar a parte de baixo da casa, subimos e tomamos um drink e um banho juntos. Ela não me deixou tocar um misero dedo em seu corpo. A distância dos nossos corpos era dada de acordo com a dureza do meu pau mais um palmo. “Homens... Por que essa afobação toda? Temos o final de semana inteiro para fazermos o que der na telha”. “Caralho, olha pra você, porra! Eu já perdi as contas de quantas punhetas eu bati pra você no banheiro do posto e estar aqui agora é surreal e sublime demais e tá DIFÍCIL refrear o tesão que eu to sentindo”. “Sério mesmo esse lance das punhetas?”. “Sérião!”. “Vem cá então!” e me puxou pelo pau pra nossas línguas se encontrarem e digladiarem num frenesi enlouquecedor enquanto sua mão socava uma bronha muito gostosa, com maestria. Ela não quis me chupar e nem ser chupada. “Expectativa é tudo”, me falou. Quando eu tava pra gozar mudou a chave do chuveiro do “quente” e colocou na “fria”, se enrolou numa toalha felpuda, mandou um beijo por cima do ombro e se mandou, me deixando com o pau em riste, com a bala na agulha, ali, tomando um banho de água fria, olhando aquela bunda que ficaria ainda mais linda – e maior - se ela desfilasse em cima de um scarpin vermelho.
Após o episódio do banheiro, nos vestimos e saímos para caminhar na praia. A maré estava alta e siris desenhavam seus caminhos anfractuosos na fina e fria areia para logo serem arrastados pela água e terem a sua caminhada apagada para todo o sempre. Era uma noite inspiradora. Eu tava doido pra trepar ali mesmo. Sugeri a idéia e ela foi declinada com elegância, com uma quase imperceptível troca de assunto.
Nos divertimos um pouco noite adentro. Parecíamos namorados. Ela sem aliança. E toda vez que eu lembrava da aliança, lembrava daquele filho de uma puta. Às vezes o destino conspira contra nós. Faz das suas, nos coloca em situações que temos que rebolar o rabo para sairmos ilesos e superiores. Desafios corriqueiros e capciosos da vida. Eu tava numa situação boa demais! Mulher espirituosa, gostosona, rica. Que ME procurou. Enquanto eu me dava bem o cara lá se dava mal. Era uma roleta. Era o giro da roleta. Preto ou vermelho? Não se podia estar nas duas cores ao mesmo tempo. “Pra cada Joana D’Arc, existe um Hitler do outro lado da balança”. Já dizia o poeta. E eu estava do lado bom da coisa e ia extrair o supra-sumo de tudo quanto eu pudesse daquela mulher. Ah, e SE ia! Só não ia ser tão fácil assim como eu sempre imaginava naqueles dez minutos que eu me trancava no banheiro do posto...
Ela não quis me deixar dormir com ela. Dormi num quarto qualquer lá. Tentei me masturbar, mas não consegui de tão puto que eu tava. Caralho! Tentei de novo e gozei na minha barriga, com ódio nos dentes. Só me virei de bruços e dormi, pensando em qual lado da roleta eu estava, afinal...
16/11/2010