O MESTIÇO (Conto)
No ano de 1880, pouco tempo antes da abolição da escravatura aqui no Brasil, Coronel Sampaio manda buscar a filha em Paris, para casar-se com um jovem advogado chamado Firmino, filho do amigo fazendeiro e sócio, Coronel Timóteo. Os dois coronéis, eram donos de escravos, e queriam selar a amizade com um neto em comum.
A filha do Coronel Sampaio, chamava-se Inês, e quando chegara à fazenda da família, o pai deixara a filha sempre com a proteção de um negro da confiança dele, chamado Bento, pois temia perigo de morte à Inês, por medo aos escravos rebeldes. Bento era um negro alto, forte e belo, e vez ou outra, trabalhava também na colheita de café, para agradar ao patrão.
Coronel Sampaio era descendente direto de portugueses, extremamente racista, e desejava um neto de traços brancos. Após o casamento com o bacharel em Direito, Firmino, Inês engravida, e após a gestação, dá a luz a um menino. Curiosamente, depois de um certo tempo, a criança assume características totalmente africanas, e o escândalo dissemina-se pela cidade e região.
Acontece, que o filho era do escravo alforriado, Bento, homem de confiança do Coronel Sampaio. Inês não segurara a tentação por aquele belo negro, e tivera um caso com ele. Coronel Sampaio, revoltado, manda matar o negro Bento e o próprio neto. Dá uma surra violenta à filha, excomunga e a deserda, expulsando-a num navio para Angola.