Fundo da América do Sul Parte 11

Ao entardecer Valquíria chegou ao bar de Horácio, apresentaram-se e ela perguntou por mim.

- Carlos esta sentado lá no trapiche, lhe aguardando, relatou Horácio.

Estava sentado no trapiche olhando o céu que se preparava para me brindar com um pôr-do-sol magnífico, foi quando ouvi o barulho nas tábuas de alguém se aproximando, era uma mulher com caminhar decisivo, vi que era Valquíria, meu coração se encheu de emoção, então ela sentou ao meu lado, e, eu pedindo aconchego, fui me aninhando em seu colo, me pus a chorar que nem criança assustada, ela sem saber o que estava acontecendo me abraçou forte, eu soluçava e pedia perdão por não ter tido como ajudar meu amigo Pablo na noite passada, ela entendia menos ainda! Senti-me em um porto seguro, e me acalmando aos poucos fui contando sobre a noite que passara, dava-me vergonha, mas ao mesmo tempo no fundo não tinha que ter vergonha de não poder ter ajudado Pablo, quem deveria ter vergonha eram os homens que haviam torturado e molestado ele; com esse pensamento vinha-me a cabeça meu pai, qual seria a participação dele naquilo tudo?

Nesse momento, nos olhamos e sem precisar de palavras nos beijamos nos abraçamos, e com aquele pôr-do-sol, parecia que estava morrendo o jovem que eu era, e tornando-me homem, uma pessoa que teria de optar em qual lado do muro viveria; Do lado da hipocrisia, onde viviam pessoas como meu pai, ou no lado das pessoas que queriam mudar algo, como Valkiria, uma mulher decidida a lutar por um País melhor, e o Vitor que teve que fugir, para não ser torturado até a morte, por ter um ideal. O silencio era quebrado pelas ondas que batiam nas estacas do trapiche; o pôr-do-sol sempre me acalma, e me diz que amanhã haverá outro dia que teremos que batalhar por ele.

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 08/06/2011
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