MÍDIA
Nunca a haviam visto, mas era linda, acreditavam. Seu vulto no jornal demonstrava confiança. O rádio reproduzia o que afirmavam ser sua voz. A televisão, no horário nobre, mostrava clips onde as massas davam-lhe vivas. Palavras e textos a ela conferidos, dos quais não ousavam duvidar, apontavam o norte para todos.
As mulheres a invejavam, os homens a desejavam, os politicos repetiam suas frases, e tanto a amaram, tanto citaram seus verbos, que o clamor a trouxe para a praça, pois os seus temeram pelo controle.
Tudo preparado. Povo, autoridades, todos disputaram espaços na grande noite. Quando os patrocinadores levantaram o pano, o silêncio e a ansiedade foram substituídos pela estupefação geral. O que viram não era sonho e sim pesadelo.
Eram olhos, bico e mãos crispadas feito garras de águia, fitando cada um deles friamente...
Todos choraram na mais longa e desamparada conhecida.
Delito/Ed. Tchê