A RODA DA VIDA
Houve uma vez um reino onde as pessoas se revoltaram contra os deuses por causa de algumas coisas, que no entender delas, estavam erradas. Uma delas, a principal, era o fato de que, quando as pessoas estavam começando a entender o mundo elas entravam num processo de envelhecimento e morriam sem nunca atingir, plenamente, a sabedoria. Essa era, na opinião daquele povo, uma grande injustiça, e tanto reclamaram que os deuses resolveram atender às suas queixas, concedendo-lhes o dom da imortalidade.Ao se retirarem daquele reino, no entanto, eles disseram às pessoas: “ Agora vocês serão imortais como nós. Se acham que a vida eterna pode lhes trazer a sabedoria que almejam, que assim seja. Isso quer dizer que vocês não precisam mais da nossa presença, pois de agora em diante serão como deuses também.”
Assim eles se foram e aquele povo, agora sem deuses para cultuar e sem religião para guiá-los passaram a viver somente para o momento. Perderam a memória do passado e a visão do futuro. Passaram a viver somente o momento presente. Decorrido algum tempo os deuses começaram a ouvir um grande clamor vindo do povo daquele reino. Então desceram para ver o que estava acontecendo. Ouviram as queixas do povo que diziam: ”Vós nos destes a imortalidade. Agora os nossos velhos continuam sempre velhos e não morrem; não morrendo estes, os adultos não envelhecem. Os jovens não ficam maduros porque os adultos não lhes cedem o espaço. E as crianças não evoluem porque os jovens não ficam adultos. A roda da vida parou. O rio do tempo estancou. Restituí,pois,o nosso antigo estado de seres mortais,para que a vida possa continuar perene, como o curso de um rio.”
“ Tolos seres humanos”, disseram os deuses. “ Vós não aprendestes que a verdadeira sabedoria é como a luz que caminha, preenchendo o vazio cósmico, desenhando contornos, fabricando realidades, povoando o nada com a matéria universal?Vós não sabeis que a verdadeira sabedoria não viceja na estática, pois a dinâmica é o seu veículo? O quanto um homem poderia saber no espaço de uma vida, mesmo sendo ela eterna, se a própria vida do homem é apenas a sua própria visão interna do mundo, e nunca muda, a não ser que ele mesmo mude? Não sabeis que a vida que vem se alimenta da vida que vai, e que só há continuidade no fluxo, no movimento? Quisestes paralisar o ciclo da vida e com isso estancastes também a corrente que dele dependia para se realizar. Pobres seres humanos, cúpidos e imbecis.Não sabeis que vós sois as vossas experiências, as vossas memórias, os vossos sonhos de glória e as lembranças dos vossos erros? E que sem elas parareis no tempo e apodrecereis, como água estagnada? Pois bem, nós vos devolveremos a capacidade de evoluir, mas tereis que pagar um preço bem caro por isso: De hoje em diante vossos momentos felizes se apagarão muito depressa de vossas memórias, mas vossos momentos tristes serão registrados com tal nitidez que deles vós jamais esquecereis. Assim, nunca mais tereis desejo de perpetuar um estado que conserva mais a memória da dor que o sentimento do prazer.”
E esse foi o início.
Houve uma vez um reino onde as pessoas se revoltaram contra os deuses por causa de algumas coisas, que no entender delas, estavam erradas. Uma delas, a principal, era o fato de que, quando as pessoas estavam começando a entender o mundo elas entravam num processo de envelhecimento e morriam sem nunca atingir, plenamente, a sabedoria. Essa era, na opinião daquele povo, uma grande injustiça, e tanto reclamaram que os deuses resolveram atender às suas queixas, concedendo-lhes o dom da imortalidade.Ao se retirarem daquele reino, no entanto, eles disseram às pessoas: “ Agora vocês serão imortais como nós. Se acham que a vida eterna pode lhes trazer a sabedoria que almejam, que assim seja. Isso quer dizer que vocês não precisam mais da nossa presença, pois de agora em diante serão como deuses também.”
Assim eles se foram e aquele povo, agora sem deuses para cultuar e sem religião para guiá-los passaram a viver somente para o momento. Perderam a memória do passado e a visão do futuro. Passaram a viver somente o momento presente. Decorrido algum tempo os deuses começaram a ouvir um grande clamor vindo do povo daquele reino. Então desceram para ver o que estava acontecendo. Ouviram as queixas do povo que diziam: ”Vós nos destes a imortalidade. Agora os nossos velhos continuam sempre velhos e não morrem; não morrendo estes, os adultos não envelhecem. Os jovens não ficam maduros porque os adultos não lhes cedem o espaço. E as crianças não evoluem porque os jovens não ficam adultos. A roda da vida parou. O rio do tempo estancou. Restituí,pois,o nosso antigo estado de seres mortais,para que a vida possa continuar perene, como o curso de um rio.”
“ Tolos seres humanos”, disseram os deuses. “ Vós não aprendestes que a verdadeira sabedoria é como a luz que caminha, preenchendo o vazio cósmico, desenhando contornos, fabricando realidades, povoando o nada com a matéria universal?Vós não sabeis que a verdadeira sabedoria não viceja na estática, pois a dinâmica é o seu veículo? O quanto um homem poderia saber no espaço de uma vida, mesmo sendo ela eterna, se a própria vida do homem é apenas a sua própria visão interna do mundo, e nunca muda, a não ser que ele mesmo mude? Não sabeis que a vida que vem se alimenta da vida que vai, e que só há continuidade no fluxo, no movimento? Quisestes paralisar o ciclo da vida e com isso estancastes também a corrente que dele dependia para se realizar. Pobres seres humanos, cúpidos e imbecis.Não sabeis que vós sois as vossas experiências, as vossas memórias, os vossos sonhos de glória e as lembranças dos vossos erros? E que sem elas parareis no tempo e apodrecereis, como água estagnada? Pois bem, nós vos devolveremos a capacidade de evoluir, mas tereis que pagar um preço bem caro por isso: De hoje em diante vossos momentos felizes se apagarão muito depressa de vossas memórias, mas vossos momentos tristes serão registrados com tal nitidez que deles vós jamais esquecereis. Assim, nunca mais tereis desejo de perpetuar um estado que conserva mais a memória da dor que o sentimento do prazer.”
E esse foi o início.