A porta.
Um corredor. Mal iluminado, apenas alguns abajures de metal verde.
Alguem anda à nossa frente. Não é quem está falando.
É um jovem, uma criança, magro, tem um andar emburrado.
Está chateado com algo.
Chuta alguma coisa no caminho.
Há algumas portas de cor mogno no corredor.
Ele passa diante de uma em especial, que encontra-se entreaberta, dessa porta pode-se ouvir ruídos, sussurros arfantes.
Ele para em frente a porta, e cuidadosamemte a empurra, para não ser percebido.
A porta abre, ele posiciona o rosto em frente ao vão, se depara com o esplendor da nudez de dois corpos.
A gesticulção do homem sobre a mulher que chora.
Primeiro ele pensa não entender, logo em seguida contraria sua inocência, e descobre que sabe sem saber ao certo como sabê-lo.
Ele não olha a cena, ele olha além.
Com certa perplexidade ele assiste aquilo, o furor dos movimentos, o suor, as vozes. Sente-se de certa forma corroído, sujo, não devia ver aquilo.
O deslumbramento. A violência ligada ao carinho do “momento”. O interrompimento.
O silêncio.
Ele não soube de fato o que o silênciou após o ocorrido, talvez a falta de uma palavra que nomearia os efeitos daquela visão, que daria sentido ao seu acidente pessoal.
Por falta “daquela” palavra, ele se cala.