VIDA

Tem uma hora que você se pergunta que porra estou fazendo aqui? saiu para a rua à procura de vida, porque a que existia ali acabou. Um homem com um copo na mão cambaleava, o problema não era que estivesse bêbado, já tinha visto bêbados cheios de vida, aquele era um bêbado cheio de morte e sorria. As luzes dos carros, o vento na pele, o escuro da noite, uma mulher... Uma mulher parada esperando o sinal fechar para os carros, esperando o sinal abrir para ela poder ser feliz, sem saber o quanto era linda. Um menino perdido na noite de uma cidade que o ignorava brincava distraído, uma bola de papel, achando que o futuro nunca acaba. Uma mesa vazia num bar esperando alguém que talvez tenha desistido de encontrar o seu amor, ou não tenha ido por ela ter ligado minutos antes e acabado com tudo, com tudo que valia. Um pedaço de papel voava com o vento, ele voava com o vento, um fragmento de escrita é um papel em branco, algo que não se decifra. Ainda conseguia sentir o amor desesperado das guitarras destorcidas, do timbre único de uma válvula exceder a sua capacidade de elétrons correrem pelos seus filamentos e gritou sim. Estava recarregado, voltou para casa e trancou a porta.

Gerald H Campos
Enviado por Gerald H Campos em 25/05/2011
Código do texto: T2993540
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