longo inverno

Era manha fria de junho e ela desajeitada arrumava um casaco no corpo, saindo com uma maça na mão direita, o sol pelo jeito não iria dar sinal aquele dia, o cabelo em desalinho que o vento bagunçava, ao entrar no ônibus sentiu o calor e ouvindo a conversa paralela tentou prestar atenção em alguma, em vão todas falavam do trabalho e algumas reclamavam de seus chefes, um sujeito esquisito assoviava uma canção sem sentido, da janela do ônibus ela podia ver as nuvens cinza e o verde empoeirado lá da serra, existia uma igreja bem no próximo a um colégio, onde a infância lhe marcara o peito em uma saudade e a mente em um momento trágico foi ali que vivera e aprendera ler e escrever, em um caderno já usado por alguém antes dela, e as borrachas gastas deixava a pagina colorida de preto, os lápis eram tocos que tinha que usar ate que os dedos não conseguissem segurar.

Ao contornar a praça onde na infância vira crianças gordas com suas babas se lembrou que nesse mesmo instante ela saia para trabalhar com sua mãe puxando pelo braço um irmãozinho enquanto esperava outro, a infância foi cheia de mistérios e segredos mesmo assim, ela não deixou de ter suas alegrias e lembranças boas. O pai se perdera no passado quando foi conhecer, já era mulher formada e ele estava morrendo de câncer no pâncreas as lembranças de pai tivera com o avô que a criara com carinho, sofrera com abusos de tios, o que lhe trouxe um trauma sendo preciso fazer tratamento quando foi se casar,para que deixasse o esposo toca-la, ajudava a mãe nas casas onde trabalhava,o tempo disponível era para limpar a casa e brincar não existia no dicionário, a tia amada, sentada no alpendre, contava estórias e cantava canções que sozinha gostava de imaginar quem e porque fizeram aquela canção. Não tivera muitos amigos, não que não quisesse ter, mas não era permitido, mas aquele tempo já estava muito distante e seu medo havia passado, suas angustias, e uma incerteza a respeito de seu futuro, na adolescência os amores que não pudera ter a mãe não deixava se não fosse da mesma igreja, e ela amava alguém muito diferente. Casou-se com um homem bom e bonito como ela queria, mas não o amava e se deixou levar por sonhos e fantasias, em busca de um relacionamento que não existia, e de um amor que só existe em livros de romances, se separou, construiu sua casa, sua vida, se envolveu com pessoas erradas, que viviam as margens da sociedade queria concertá-los, dar amor e carinho, como se isso fizesse falta a eles que aproveitavam de seu bom coração e usavam isso para obter o que queriam, ela não se via merecedora do melhor, da mesa do banquete, insistia em pegar as migalhas que do chão caia. Tinha tudo para ser feliz, mas não era, dentro dela um sentimento de impotência, não deixava olhar a beleza da vida e a sua própria beleza, não entendia porque não era correspondida por pessoas que não tinham sequer condição, e ela se dava como um rio, para quem não tinha sede, os olhos tristes a feição caída por toda dor que passara nos últimos meses, estava perdida em pensamentos.

Quase perdera o ponto, deu sinal e apressada desceu do ônibus, que agora ela via sumir na avenida principal, dali teria que percorrer a pé mais algumas quadras, assim chegaria ao seu destino, ao entrar a bolsa ficou sobre a mesa, e enquanto se servia de café, ouvia os bons dias e sentia algum abraço, a rotina do trabalho seria a mesma, com exceção de algum contratempo, os bancos estariam cheios e o boy ligaria varias vezes lhe fazendo sair e encontra-lo. Do trabalho não tinha muito que reclamar apenas algumas vezes o chefe chegava descontando a fúria da noite mal dormida ou do negocio mal acabado.

Mas ali, em sua mesa com pensamentos em desordem começou a refletir nos últimos acontecimentos, e na verdade não sabia o que fazer.

Mariana mal havia comido nos últimos dias e o sono não vinha por noites e noites, o alimento não descia, e a dor perfurava a alma, dor terrível talvez a pior que já sentira.

Aos poucos o silencio reinou, todos ali na sala do café, e ela perdida em seu mundo.

Era agosto, noite em que conhecera Alex, quando ela o vira pela primeira vez, estava sentada em uma praça, tentava a todo custo concentrar na conversa com Érica, mas não conseguia o cabelo o sorriso o olhar era muito perturbador, precisava conhecer-lo, e foi na mesa onde ele se sentou havia outras pessoas, uma que mostrava os desenhos feitos a carvão de um índio que passava pela cidade, se aproximou e pedindo para ver o desenho, o olhou, e se sentando no chão, daquela praça, para ser desenhado, Alex insistia que não fosse embora, precisava lhe falar, assim foi feito. Ela o esperou, e juntos caminharam por ruas da cidade, parando de vez em quando para se olharem e falar sobre si mesmos, Mariana lhe perguntara se ele gostava de bolo de cenoura com cobertura de chocolate, ele disse que sim era seu preferido. Ela então tirou da bolsa, enrolado em papel alumínio dois grandes pedaços de bolo, assim comeram e deram muita risada com o susto que ele teve, não imaginando que tinha ali o pedaço de bolo preferido. Alex lhe contara sua vida, a família, a sua condição naquele momento, e como pedira a Deus para lhe enviar uma pessoa que o ajudasse a refazer sua vida e seus sonhos.

Aquela primeira semana foi mágica, ligava todo dia cedinho, toda tarde e toda noite se viam, no sábado, foram a igreja, naquela noite, saíram juntos abraçados e as promessas foram muitas, e o domingo foi mais tranqüilo. Sim Mariana havia encontrado o amor, e se entregava a esse amor cada vez mais. Logo na outra semana, Alex já se mostrava impaciente. E no sábado, uma noticia, ele havia levado um tiro, que entrara na ponta do nariz, parando na nuca, um pouco a direita ou à esquerda, morreria, ou ficaria tetraplégico, ela ficou ali a noite toda, lhe ajudando e servindo de companhia.

Na outra semana, lhe enviou uma mensagem deixando-a nas nuvens, mas logo as 03h00m da manha ligou dizendo que conhecera uma garota e que entre eles não havia mais nada.

Mariana sentiu o peito rasgado e dilacerado em mil pedaços, refez tudo e recomeçou, o trabalho e a escola lhe ajudaram não tinha muito tempo para sofrer Alex foi deixado por sua mãe ainda bebe, e sendo criado por uma família que o amava e o queria, mas teve suas dificuldades, sabendo que não fazia parte daquela família. Na adolescência começou a se envolver com pessoas influentes do submundo das drogas, se tornando um dos maiores traficantes da cidade, conheceu uma garota de programa com quem teve um filho, como não haveria futuro para eles, ela partiu, levando com ela todos os sonhos e dores que ele a havia feito passar partiu para Uberlândia, ele continuou se envolvendo cada vez mais, eram notas falsas, contrabando, tudo que era ilegal e fácil para ter lucro, ele se envolvia, adquiriu certa lábia, falando doce, convencendo com os olhos, afirmando com sorrisos, assim conheceu outra garota, classe alta, loura de pequenos olhos azuis, com ela teve duas filhas e uma união atormentada e cheia de agressões, drogas e confusões. Ate ir preso a primeira vez, nunca havia passado por tudo que passou na mesma cela, havia alguém que recebia visitas de um senhor cristão, que falava aos dois e descrevia a palavra de Deus, e foi assim que ele fez o pedido, queria sair dali, encontrar uma mulher de Deus e seguir nova vida saindo da marginalidade e das drogas.

Depois disso não demorou quinze dias, ele estava na rua, e conhecera Mariana. Ela o vira entrando no ônibus, ligou para sua casa e lhe disseram que ele fora preso naquela madrugada, ela sem entender, como e porque o vira naquela manha, logo depois de um mês, ela a viu no fórum da cidade, e a namorada dele apenas lhe disse não o abrace, apenas cumprimente eu sou ciumenta. Mariana olhou, abraçou e se foi. Ali fechou um ciclo, ela achou que nunca mais o veria. Mas ele sempre ligava de onde estava para lhe pedir alguma coisa. Ela viveu aquele ano de tormenta, sabendo que ele não dormia em uma cama e sim no chão frio de uma cela onde os presos revezavam uma hora se deita e dorme, outra se levanta e espera outro dormi, era assim sem luz ou água, e havia as sessões de tortura, passaram assim dois anos, de cartas, de luz sendo enviadas, de amor adormecido.

Mariana conhecera outras pessoas, namorava a fim de esquecer, mas ele insistia em vir nos sonhos, nas madrugadas nas cartas tristes, e sem vida daquele lugar, os telefonemas eram gritos de socorro, e motivo de ciúmes, mas ela insistia, mesmo sendo impossível, tocar aquele ser amado.

Passado dois anos, ela deitada na cama, vira aquela sombra se formando, trazendo a sua frente aquele rosto amado. Ela então buscou por todos os presídios, onde ele estava ate o encontrar, lhe escreveu uma longa carta, e foi então que descobriu o fim do namoro das dores e dos mal pedaços que ele passara com o rompimento, a mãe verdadeira havia voltado para a cidade, se unira ao pai e juntos estavam tentando ajuda-lo naquele processo. Mariana então foi ao encontro dele, em visitas acordava as quatro da manha, arrumava a sacola transparente com todas as comidas, doces e a barra de chocolate, refrigerante, e com uma alegria sem fim, ali entrava, e apesar de todo desconforto da revista, os abusos, as implicâncias, ela entrava nos portões que levaria ate o ser amado. Ela ainda se lembrava da primeira vez que o vira ali dentro do presídio, uniforme vermelho, cabelo duro por falta do sabonete, o cheiro de suor, porque a primeira vez que o fora ver ele achou que não iria, então estava trabalhando, ela nunca esquecera, o abraço e o beijo daquela tarde, as conversas as musicas, e uma especial de James Brant que fazia sucesso em uma novela, das oito, essa musica ela ouvira nos braços daquele que amava, mesmo não sendo correspondida.

Um ano se passou, ela sempre aos finais de semana, estava presente naquele lugar, fez muitas amizades, sinceras, pois estavam passando as mesmas dores, tinham ali experiências, e as que ainda lhe ligavam dizendo como estavam e querendo saber as novidades.

Passado um ano de visitas, ele então foi transferido, e depois de um mês, eis que saiu, ela foi à loja e comprou um celular, uma roupa bonita, para que ele saísse e não ficasse perdido do lado de fora. Mas não o vira, deixou tudo na casa da mãe, para lhe entregar. Ela decidiu se afastar, após a conversa com ele ao telefone, ele lhe agradeceu tudo que fizera por ele, e todos os presentes, mas que queria seguir sua vida seu caminho e começar tudo novo de novo. Foi assim, simples como dizer adeus e partir.

Alex não sabia a dor que abrira naquele peito, mas ela o queria feliz e o deixou. Não o viu. E o tempo passou, quando uma mulher ligou em seu telefone querendo saber quem era ela, e então ela ficou sabendo que ele estava morando com a mãe de sua ex namorada. A mulher queria saber detalhes, dizendo que estavam juntos e não queria que Mariana ficasse sabendo, isso a deixou irritada, mas logo passou a fase, ele a deixou e voltou para a filha, mais um tempo se passou, e Alex voltou a procura-la, foram noites alegres e dias felizes de domingo, porem Mariana tinha uma amiga muito querida, essa estava casada e sempre ligava a noite, e Mariana feliz lhe contava que Alex estava em sua casa e estavam bem, passado alguns dias a amiga se separou e veio morar em sua casa.

Lucia era a amiga de todas as horas, de todos os lugares e de todas as aventuras. Uma noite ela lhe ligara, e dizendo absurdos que o marido lhe fazia, querendo vir para sua casa, e Alex estava em casa, ao chegar, então se conheceram e ela começou então a notar os olhares de Lucia para Alex, e assim, falando de roubos em sua casa disse estar sem roupa, Mariana sabia do roubo, mas não que ela estivesse sem roupa. A ponto de ele abrir a carteira e lhe dar a quantia que lhe deu,

Naquela segunda feira, ele chegou em um grande carro para buscar Lucia para jantar, Mariana vendo disse em tom de brincadeira, não iria mas por educação, podia convidar, ele olhando para ela disse”nada a ver, estamos saindo como casal” mais tarde ela chegou contando sobre o jantar e colocando na cama as sacolas de roupas que ele comprou p ela, Lucia viu que Mariana estava sofrendo, mas insistia em que lesse as mensagens apaixonadas que ele lhe enviava, e os presentes e dinheiro que lhe dava, as afrontas, se arrumando para ele e dizendo que naquele dia, ele ficaria ainda mais apaixonado por ela. Para ver a reação de Mariana, que sofria em silencio.

Lucia, quando via que Mariana ia falar alguma coisa ligava para ele, e dizendo que não deveriam se falar mais porque mariana estava sofrendo, ele então ligava para Mariana e dizia tudo que pudesse magoar, como não a queria e que não mexesse com Lucia, que ele não precisava de uma mulher que o amasse, e sim de uma parceira, foram meses de angustia, Lucia resolveu voltar para o marido, mas não deixou Alex, que por sua vez voltou a procurar Mariana, que o amava e o aceitou, quando Lucia ficou sabendo largou imediatamente o marido, vindo novamente para casa de Mariana.

Naquela noite, Lucia e Mariana estavam fazendo compras quando o telefone dela tocou, ela tentou desconversar, Mariana não sabia que logo cedo Lucia já havia ligado para ele, chegando em casa, Alex ligou para Lucia e esta se fez de inocente, como se ele estivesse ligado para ela, e não ela para ele, naquela manha, antes das seis, ele ligou, e ela fez como sempre, colocando o telefone no viva voz, para Mariana escutasse, e Alex lhe dizendo que encontrara o apartamento e iriam olhar mais tarde.

Lucia dizendo: “não sei do que ele esta falando” na maior cara de pau, como se não soubesse de nada. Estava ficando insuportável àquela situação, Lucia não conseguia mais disfarçar o ciúme e a inveja, todo instante, colocando-a em posição inferior, uma hora por sua idade, seu corpo, sua situação, sempre com um sorriso de zombaria, no rosto, conseguiu fazer com que Mariana se perdesse, e sofresse mais. Naquela semana, Lucia se mudou para a casa da irmã, não sei antes ter certeza que Mariana e Alex não se veriam mais e não se falariam também.

Naquela noite, no culto, se sentou, no banco e não falou nenhuma palavra, apenas deixou que seus olhos chorassem e dizia em seu pensamento que estava doendo muito, e a dor era tão forte que pensou que iria enlouquecer, ou morrer, recebeu um abraço forte de uma pessoa que apenas dizia, vai passar, você vai ter vitória, mas ela foi para casa faltando um pedaço, mas confiante de que tudo daria certo, a noite fresca estava linda, com estrelas e uma lua minguando, meus olhos não podia ver as mãos de Deus lhe segurando, os seus sonhos estavam ali desmoronando, e eu não ouvia a voz que lhe dizia: “coragem”. O passado não queria passar por ela, não queria mais sonhos para sonhar.

A semana começou novamente se levantou depois de uma noite sem sono e um cansaço como se carregasse um peso muito grande nos ombros.

Por mais que ouvisse conselhos de amigas verdadeiras, as que se afastara para viver apenas a falsa amiga, não conseguia se levantar tentava de toda forma, recomeçar, não conseguia se afastar nem de um nem do outro, porque ele insistia, em procurá-la, mas sabia que ia ate sua casa apenas para se drogar e ter suas mãos seguras, e um colo de quem o amava sem cobranças, sem querer nada em troca, apenas ter sua companhia, enquanto Lucia não soubesse que a procurava ate que um dia ela chegando viu que ele entrava e saia da casa e ate a chave tinha, ela então saia da casa da irmã e todas as noites ia para casa de Mariana, que não falava nada, assim em um desafio, dizia, se ele quiser que venha também, a cama é grande, ele dorme ai também. Foi ai que ela viu a intenção.

O sábado chegou, e Lucia havia ligado cedo para Mariana, que não contou que Alex estava ali dormindo, quando chegou foi entrando no quarto e o viu, ficando com raiva disse sobre a orquídea que ele havia lhe dado, mas não contou que gostou por medo de Mariana ficar com raiva.

Naquele sábado Lucia também disse sobre o desejo de construir ali, ao imaginar como seria Mariana ficou perdida, não falou nada na hora, depois de pensar bem, ela disse que não daria certo, e que a ajudaria encontrar uma casa, e naquela tarde mesmo, encontraram, Alex naquela tarde estava ali na cama de Mariana e Lucia de short e camiseta, se exibia no espelho, e ele encantado ia destilando os venenos para atingir Mariana, e Lucia aproveitando da situação, apenas ria, foi assim que naquela noite, ela viu o que se passava realmente, os dois estavam juntos, e ela conseguia fazer com que Alex a magoasse por pensar que ela a estava maltratando por causa dele.

Foi uma noite difícil de passar, mais uma vez ela foi ao encontro do Pai, que lhe deu mais força e mais coragem para seguir em frente.

Era já primavera, e ela ainda não havia se libertado da dor, Alex continuava a procurá-la, ate que em uma sexta feira, ele ligou às 18h30min lhe dizendo que estava indo para sua casa, na certeza que ela iria como ela foi.

Lucia lhe ligou no mesmo horário, para saber onde ela estava ela não disse que estava indo para casa, mas estava em um bar com amigos, chegando em casa, o telefone de Alex estava desligado. E o numero dela insistindo para saber onde ela estava, e eles, estavam no shopping, fazendo compras, e ela lhe chamando de bem, amor, tudo plano para que Mariana não chegasse, e os pegasse juntos.

Mariana não sabia o que fazer, e como iria fazer, mas colocaria um fim, naquele relacionamento, no sábado, desligou o celular, e toda vez que ligava, encontrava mensagem que ele ligou, na segunda feira pela manha no ônibus que pegavam juntas, Lucia lhe contou que passou o final de semana com ele, e na insistência de falar com ela, que resolveu atender, ouviu uma explicação, sem veracidade, para a noite de sexta feira, mas Lucia já havia ligado para ele, fazendo a intriga de que ela havia brigado com ela, por causa da visita e dos presentes, ele lhe disse as mais duras palavras, e desligou com uma única certeza, Mariana era a ultima mulher em que ele iria querer na face da terra. Exaltou Lucia e desligando o telefone, deixou-a ali, sem saber o que fazer ou como reagir diante daquela mentira, mais uma mentira feita pela falsa amiga.

Naquela manha, tomou uma decisão, cortou com a tesoura os dois chips que eles tinham com seu numero, e dizendo a Lucia que estava namorando firme com um policial civil e que logo estariam casados, que sua vida era nova vida, também deixou claro que poderia receber ligações no trabalho e não poderia fazer ligação, assim, cortou o mal pela raiz, se afastando totalmente, claro, sentiu o peso ser deixado de lado, se olhou no espelho e viu a bela mulher que era, inteligente, amiga, especial e que merecia o melhor, foi uma semana de reencontro consigo mesma, e com seu ego, naquele final de semana reviu amigos sinceros, se sentiu em casa, abraçou com mais ternura os irmãos e sobrinhos, reviu amigos que não via fazia muito tempo, se enamorou no shopping a tarde, comprou um bom livro e recomeçou a vida lhe parecia com um sabor de sorvete de morango e chocolate, assim, como se tudo fosse novidade, e uma alegria encheu seu peito de paz.

Agora, sim o amor vai acontece, o mundo afinal não tem pressa, por que ela teria? Olhar as vitrines e se ver nas roupas alegres da primavera, o entardecer estava limpo, havia chovido, e os pés molhados, caminhavam sem pressa, por uma cidade barulhenta de fim de tarde.

Fazia uma semana, e Mariana não sabia que existia tanta força dentro dela, saiu do escritório para o almoço e na pressa não notou que alguém vinha ao seu encontro, ficaram ali parados um tentando passar pelo outro, mas cada um dava o passo na mesma direção, em sentido contrario, o que lhe soltou a risada que estava escondida dentro dela, o que chamou a atenção do rapaz, que queria saber de onde vinha tanta alegria e felicidade, que saia daquela risada, como era o horário do almoço, e eles estava indo para o mesmo restaurante popular da cidade, foram juntos, sentaram e se olharam, naquela tarde, eles teriam muito que falar, e muito que rir, ela agora se divertia e pensava diferente, a dor? Essa ficou em algum lugar que ela tropeçara e deixara cair, ao chegar novamente ao escritório, muitos notaram certo brilho no olhar e tiveram a certeza que a Mariana que partira, voltava mais forte, mais bonita e viva todos se juntaram e em um abraço unidos abençoaram-na por estar de volta, agora faltava apenas uma coisa, correr de braços abertos para a nova vida que surgia bem a sua frente.

Foram meses de terror e tristezas, mas meses que a fizeram crescer e ser melhor foi assim que sentiu o rosto vermelho ao ouvir um elogio, dizendo que estava mais bonita, por dentro.

Sim, ela crescia a cada dia, era uma nova vida, um novo tempo.

Mariana esperava o ônibus, tinha a alegria de estar voltando para casa depois de um longo inverno, ao chegar, sentiu a alegria de estar de volta, como se fosse a primeira vez que entrasse na própria casa, deixou para trás todo insucesso. Sentiu o coração bater forte, o ser renovado. Olhou para o espelho e sorriu para a nova mulher que surgia a sua frente.

Sentiu as lambidas dos cachorros que fazia muito tempo não brincava com eles, correu para fora, e eles também, deitada na rede deixou que a noite lhe mostrasse a beleza do céu. Sentiu a poesia chegar suavemente e foi para lhe mostrar o que acontecera com ela mesma.

crisviana
Enviado por crisviana em 19/05/2011
Código do texto: T2980864
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