A rosa.

Ela era linda. Mas solitária. Muito solitária. E ali estava ela, outra vez em meio a tantos casais. A festa era animada, isso é inegável, mas ainda havia algo faltando ali. Amigas, alguma conversa boa na qual mergulhar, alguém interessante, um amor.

E ali estava ela, há apenas um mês de seu odiado Dia dos Namorados.

O celular na mesa vibrava incansavelmente a cada minuto que passava. Os amigos contando de suas novas conquistas. As amigas contando de seus perfeitos namorados. E ela ouvindo, novamente. Ouvia sem poder compartilhar suas historias com as amigas, sem poder pedir conselhos aos amigos. Afinal, quem entenderia como uma garota como ela esta solteira? Solitária e abandonada? Não é uma coisa certa, aquilo não fazia sentido para seu vasto grupo de amizades. Amigos... Será que podia chama-los assim? Já que era ela quem sempre acudia, nunca era a acudida.

Já se passava da meia noite, o horário do encanto da Cinderella já havia acabado. Mas e o dela? Para ela, uma coisa que nunca havia sido real não poderia acabar. E foi exatamente quando uma rosa apareceu ao seu lado.

Ela olhou, um rosa branca, mas não entendeu nada. Afinal, porque alguém a daria uma flor? Era ela. Era apenas ela.

" uma flor para a rainha delas "

Ela sorriu e olhou para o rosto de quem havia lhe dito aquela frase tão brega. Ele era lindo. O cabelo mel caia sobre seus olhos castanho-escuros. Uma cicatriz marcava seu rosto, desde a parte superior direita até o queixo. Um sorriso tímido, mas travesso brincava em seus lábios.

" Se realmente quiser impressionar uma garota, pense em frases melhores. Pois se todas as suas forem iguais a essa, você esta horrível em matéria de conquista."

" não sou nada bom com palavras. Ao contrário de você pelo o que percebi."

"bobagem, ser bom com palavras não é nada alem do que se dar bem com o que sente "

" você deve saber exatamente o que sente não é?"

" um pouco."

Ela havia se entendido com ele, isso já era um grande passo para ela. A menina dos cabelos cor de mel nunca havia conseguido ser feliz com ninguém, mas se entender com alguém que conheceu em um casamento deveria ser um bom sinal.

A conversa fluía sem nenhuma dificuldade. Ele não era mais velho do que ela, ambos tinham seus jovens 15 anos.

No ponto mais interessante da conversa, foi anunciado que a noiva jogaria seu buque. Ela levantou, e foi até a pista. Olhou para trás, e ele estava ali sentado, apenas observando-a e sorrindo. 3,21! O buque caiu diretamente em sãos mãos distraídas. O salão inteiro virou o rosto para aquela jovem que havia conseguido pegar o objeto mais cobiçado da festa. Ela sorriu e seguiu de volta para a mesa com o buque em mãos.

" quem diria que eu pegaria? Não pretendo me casar agora! Mas arrumar um namorado não seria má idéia. "

Depois que disse isso, notou a dimensão de sua fala. A chance dele entender errado era muito grande. E tudo o que ela não queria era parecer atirada, muito menos desesperada.

" bom, um namoro eu não posso te prometer. Mas eu posso te fazer muito feliz essa noite..."

E a beijou. Ela encontrou o que mais queria, o que mais precisava. E ao fim da festa, a única coisa que sobrou em cima da mesa foram aquelas flores tão marcantes, aquela rosa branca e aquele buque de tulipas vermelhas.