O caçador de recompensas
Pagaram-lhe para matar a menina. Porém, uma menina de apenas quinze anos não se deixava matar assim tão fácil. Logo Francisco o havia comprovar. Foi ter com ela à taberna do galego, à de Aurélio Mosteiro.
- Vieste por mim, não vieste?- disse a menina ao vê-lo passar.
- Vim, sim, bem sabe quem me manda, não sabe?-disse Francisco, a responder.
- Há de te mandar meu pai, o terratenente- confirmou a menina.
- Manda, deste na diana.
Os fregueses do boteco eram quase todos contrabandistas de passagem. Eles é que não conheciam, nem se importavam. Os que moravam naqueles pagos sabiam bem quê lhes convinha e quer não ousavam quer não queriam intervir.
- Imos fora, e acabamos logo- disse Francisco
- E iremos- dixo a menina.
Francisco e a menina afastaram-se um trecho da tasca. A planície à volta estava deserta. Apenas se ouviam os rinchos dos cavalos. Nenhuma autoridade, nenhuma testemunha. Francisco retirou as esporas, e ambos enfrentaram-se, os ponchos sobre os ombros. Pegaram cada um na sua faca e principiaram o combate. Francisco perdeu-a na escuridão. Afinal, houvera uma testemunha, mas não poderia mais dar conta do que vira. Aurélio Mosteiro morreu pela navalha de Francisco.
- Aguarda, menina. O nosso paisano fodeu-me o facão. Tenho de ir por outro ao cavalo. Não me fujas- Assim que o Francisco desapareceu, a menina aproveitou a fugir das terras de seu pai.