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As entradas se abriram para Bizarro. Ele sorriu.
Portas desenhadas de MaDeiRa maciça, pareciam plumas delicadas para o moço.
Sentava-se, todos os dias, na entrada da paróquia e passava horas contando as pessoas que entravam e saíam.
Fez bem desenhadas colunas para marcar com tracinhos. Uma à esquerda. Outra à direita. Homens e mulheres. Todos eram números.
Mas... meu Deus! Bizarro percebeu, depois de contar setenta e sete entre machos e fêmeas, que perdera a contagem dos meninos.
E algo ainda pior aconteceu! As meninas passaram sem que ele as tivesse computado em sua lista!
Bizarro arrancou a folha de papel de seu caderninho.
"Vou começar do início."
Foi quando o padre carrancudo bateu a pesada porta de C h u M b O.
Bizarro pensou em protestar. Mil palavras de injúria lhe vieram à mente. As bochechas e o pescoço pareciam estar em chamas.
Levantou-se da escadaria. Limpou a calça com uma das mãos. Ajeitou o cabelo longo e negro. Imaginou os tantos rostos que teria de esquecer antes de dormir.
Disse a si mesmo que não faria mais esse tipo de coisa e que o mundo não merecia que ele perdesse tanto tempo com besteiras e desceu contando, mentalmente, os degraus.
Em casa, desfrutou o jantar que a avó deixara no forno microondas. Sentou-se no sofá, ligou a televisão e assistiu ao jornal das oito.
Às nove em ponto, desligou a televisão e foi para o quarto.
Deitou-se. Orou aos seus inúmeros deuses. Fechou os olhos e sonhou.
'Estava na escadaria de uma igreja. Pessoas iam e vinham; eram muitas. Procurou um pedaço de papel para poder 'contá-las'.
Desesperado por não encontrar uma caneta. Bizarro começou a indagar uma a uma. Mas, ninguém respondia.
Pediu tanto que ficou rouco. Em seguida, perdeu a voz.
Agora era Bizarro mudo.
Sentou-se no último degrau. Fechou os olhos e acordou.'
Ao lado da cama, sobre o criado-mudo, um caderninho que tomou com avidez. Bizarro se sentiu aliviado. Passou a 'contar-contente' cada batida que uma mariposa, hipnotizada, teimava em dar na pequena lâmpada acesa.
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