QUANDO SERÁ?...

Bombas explodindo.

Grandes edifícios desmoronando como simples castelos de areia; carros voando pelos ares como pedras atiradas por meninos endiabrados; animais correndo sem rumo; seres humanos destroçados, mortos, feridos gravemente. Gritos desesperados, gemidos lamentáveis...

Era a cena que se desenrolava terrível à nossa frente numa grande tela azulada na sala escura.

Não se tratava de simples filme de TV ou cinema e sim da realidade mundial.

Era a terceira tentativa de destruição do mundo.

Seria o esperado fim que chegava finalmente para nós?

Estávamos provisoriamente protegidos da miséria que acontecia tão distante, naquela tela azulada à nossa frente. Mas não duraria por muito tempo nossa privilegiada situação. Logo chegaria até nós, pois o que parecia distante aos olhos, era curto espaço de tempo para os terríveis brinquedos manobrados por mãos insensíveis e inconsequentes.

Não havia surpresa em nosso olhar. Havia apenas um grande medo nos corações indefesos e despreparados para um momento assim.

Certamente não seríamos sementes do novo mundo que supúnhamos surgir depois da catástrofe. Por isso sabíamos que também morreríamos. Era apenas uma questão de esperar o momento exato.

Longo espaço de tempo em silêncio. Espera angustiante. Corações oprimidos.

De repente um estrondo ensurdecedor fez-se ouvir a pouca distância de nós. As paredes do edifício estremeceram, surgindo grandes rachaduras através dos grossos blocos de concreto.

Nova explosão, desta vez mais violenta. Uma parece desmoronou cobrindo mesas de computadores, cadeiras, armários de arquivos e alguns colegas de trabalho...companheiros de tantos anos. Destes ouvimos apenas o grito abafado e nada mais. Tentamos resgatá-los... inútil!... Estavam todos mortos.

Éramos agora cinco seres apavorados à espera do fim.

Tremíamos como se estivéssemos em pleno inverso europeu, quando na verdade o calor era quase insuportável, devido ao fogo causado pelos bombardeios repentinos.

Sentíamos as últimas lágrimas rolarem quentes em nossas faces coradas pelo calor intenso. Não nos envergonhávamos dessa reação aparentemente covarde, pois em nosso espírito não havia lugar para outros sentimentos senão os do medo e da angústia, naquele momento.

Novo espaço de tempo silencioso.

Ficamos quietos e impotentes, esperando nova carga a qualquer instante, mas o silêncio continuou no local quase destruído. Ouvíamos apenas estalitos de objetos queimando no fogo.

De repente ouvimos ao longe, gritos de alegria e júbilo.

Foi como alucinação para nós.

Como era possível gritos de alegria num momento tão crucial?

Os gritos aumentavam cada vez mais, até surgir diante dos nossos olhos incrédulos uma multidão em euforia desesperada.

- Os jornais, a televisão... estão anunciando o fim de tudo! A guerra acabou! - Gritou uma voz.

- A paz volta a reinar no mundo!... Deus teve piedade de nós mais uma vez! - Gritou outra voz.

Olhamos uns para os outros quase não acreditando no que acabávamos de ouvir.

E numa grande e surpreendente coincidência, exclamamos ao mesmo tempo:

- Ainda não foi desta vez!... Quando será?...

Julieta Bossois
Enviado por Julieta Bossois em 11/05/2011
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