O BARQUINHO
O BARQUINHO
Era apenas um barquinho de papel dentro de um lago. Mas naquele momento era tudo o que ele tinha. O barquinho ia e vinha no lago, quando Gustavo jogava uma pedra no espelho d’água para ver as ondinhas que se formavam. O sol já estava se pondo quando o menino olhou ao seu redor e não viu mais seus pais que se afastaram das margens da estrada, quando voltavam da visita à vovó. Gustavo de repente se viu sozinho no meio do nada, com seu barquinho na água parada do lago sem suas pedras. A preocupação do garoto era a volta pra casa e a retomada do caminho. O barquinho estava lá, precisando dele para continuar suas idas e vindas, e na sua calmaria, o lago escurecia as águas, alheio ao drama do menino.
Seus pais se afastaram e esqueceram o menino no meio do caminho. Talvez tenham pensado que ele já havia ido embora com o irmão que não quis ficar ali parado admirando a paisagem. Gustavo estava perdido, sozinho, sem conhecer o caminho e sem saber que rumo tomar. Via a estrada escura e não entendia como ele estava ali, perdido e sabendo que estava com tudo na mão para ter ido pra casa. Estava com seu barquinho e se agarrou a ele.
Assim terminam várias vidas. E assim cessam vários desencontros. Os meus, pelo menos.