CAIRARA - LIA LÚCIA DE SÁ LEITÃO - 9/05/2011

Existe uma tribo indígena chamada de Bororós, essa tribo mora na Amazônia escondida do homem branco que tanto prejudicou a cultura dos índios.

Ninguém perguntou aos pajés, aos caciques ou mesmo aos índios se eles queriam mudar de religião, se eles queria sair de suas vidas nas aldeias para a cidade, se eles queriam levar uma vida parecida com as dos brancos.

Desde que acharam o Brasil na rota das índias que os índios sofrem toda a sorte de imposição.

O índio para ter alma teve que se tornar católico lá no tempo que só existia mato, rios e mar, só porque o rei de Portugal era cristão todo mundo tinha que ser cristão também e os índios foram catequizados e pimba! Não eram brancos, nem portugueses e quase nem índios. Depois de séculos os irmãos protestantes também tiveram suas contribuições nas aldeias indígenas quebrando mais uma parcela de suas culturas.

Ninguém na verdade respeitaram os índios, isso é fato,

Nessa tribo dos Bororós os branquelos ficaram meio sem jeito de impressionar os índios com espelhos, facas , pentes, conchas, miçangas, ou refrigerantes porque a selva dava aquela tribo tudo de maravilhoso, inclusive a liberdade.Os índios souberam dizer calma que o Pajé é sábio. Ninguém podia quebrar a cultura daquela gente, pois eles tinham visto em outras tribos as suas histórias serem substituídas por historias de branco que mais pareciam lendas, os índios tinham que crer sem ver.

Ali na aldeia tudo o que acontecia era verdade, fosse um acontecimento simples, fosse a história de um bicho, de um homem, de um curumim, das marabás, fosse o que fosse eles viam o fato acontecer debaixo de suas ocas.

Certo dia na tribo dos Bororós, aconteceu um fato incrível! Um pajé sábio e inteligente começou a ficar encolhido, triste e sem vontade de viver na comunidade.

Esse pajé, na madrugada estrelada da Amazônia saiu de sua tribo e foi refugiar-se na selva. Ele levantou uma cabana perto de um igarapé e lá ficou solitário.

Os outros índios o procuravam para saber o motivo daquela tristeza, nada! As índias cozinhavam diariamente um delicioso mingau de milho, levavam frutas, peixes, raízes e o pajé não se animava. Todos se preocupavam mas parecia que o pajé a cada dia ficava mais introspectivo, silencioso e solitário. O cacique resolveu ir até a cabana do pajé e conversou horas, elogiou o trabalho de curas que ele tinha feito, a coragem nas caçadas, o melhor pescador da tribo, o homem mais sábio da região, qual era o motivo daquele isolamento e de tanto questionar o pajé resolveu falar que a sua tristeza era porque havia perdido algumas habilidades estava gordo para desempenhar até as danças tradicionais de pajelança. O cacique ficou sem palavras e entendeu a situação do amigo mas para não sair sem uma palavra de apoio disse-lhe: amigo pajé, você é sábio porque não procura na natureza uma forma de emagrecer e retornar ao nosso meio? O pajé deu um risinho desconcertado e retrucou: procurarei o mais breve na mãe selva um jeito de emagrecer e voltar para os meus amigos e minha família.

Curiosos os índios esperavam uma notícia do pajé.

Quando o cacique retornou pesaroso disse em reunião que não tinha boas notícias, pois o pajé não queria voltar porque era um cairara mas tinha prometido procurar na natureza uma magia para emagrecer.

O pajé também sentia saudades da sua gente e começou a procurar uma folha, uma raiz, um cipó,que o deixasse como antes. Fez várias experiências e nada! Já estava desesperado e sem esperanças quando sentou-se na frente de sua cabana e olhando uma árvore viu os macacos esbeltos e ágeis pulando de galho em galho, subindo e descendo da árvore.

O sábio índio começou a catar pelo chão as folhas secas de uma erva que os macacos comiam, logo percebeu que havia uma infinidade de folhas enroladas como parreiras nos troncos das árvores. Era uma descoberta! Se aquela erva que os macacos comiam os deixava formosos. Ele podia fazer chá. Beberia aquela efusão e ficaria também ágil, magro, musculoso e esbelto.

O pajé acumulou folhas secas e folhas verdes, fez vários potes com chá e bebia toda vez que sentia sede ou fome. Durante sete dias não fez outra coisa senão beber aquele líquido e ficou lindo!

Sua cor ficou mais brilhante, os cabelos afinaram e ficaram mais longos, mas não podia entender porque as suas pernas encolheram, o pajé assustou-se e notou que um rabo crescia dia após dia. O índio parou de beber o chá mas a transformação continuava, ele estava esbelto, cabelos lustrosos, mas sua aparência cada dia era mais parecida com uma espécie de macaco que nem ele mesmo conhecia e assim, o pajé foi mudando e mudando até se transformar num macaquinho ágil, lustroso, esperto e inteligente vive próximo das tribos dos Bororós e é um animalzinho de estimação para qualquer índio de qualquer idade.

O cairara transformou-se em um macaco magro que vive nas matas amazonenses.

Lia Lúcia de Sá Leitão
Enviado por Lia Lúcia de Sá Leitão em 09/05/2011
Código do texto: T2960041
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