Insônia Infeliz

Já é tarde da noite quando ele se joga na cama, cansado de fazer nada, com imagens de medo no pensamento, querendo não acordar mais. Sem sono, só consegue lembrar o pesadelo que é abrir os olhos na manhã que ele não repara, com o Sol que ele não sente no céu que só enxerga cinza escuro-frio. De olho ardendo, vai pensando num jeito de se livrar do mundo denso que escolheu como verdade absoluta porque parece palpável. Dramático.

A respiração descompassada reflete uma existência pesada, com temor do divino que agora ele odeia pessoalmente com todas as forças do inferno. Dualismo que desacredita acreditando.

O passado preto e branco que sufoca qualquer presente de arco-íris é ilusão tão real pra quem sonha acordado e caminha dormindo. Não sabe usar a ponte. Tem medo mas deseja matar e morrer. Nem conhece morte de verdade, muito menos Vida. Lágrimas parecem pedras.

No vazio cheio de desgraça imagina alguma coisa que lhe salve. Talvez um redentor que o leve ao Paraíso. Mal sabe que não existe salvação nem herói, muito menos paraíso pra quem ainda não aprendeu viver.

E a luz vai entrando no quarto enquanto ele percebe que não descansou. De novo.