RESUMO DA ÓPERA EM NOITE DE DÚVIDAS

Depois de tantos anos começou a bater uma certa dúvida que não sei pra que eu fico remoendo na cabeça mesmo quando estou gloriosamente feliz com meu cantinho que eu tenho cheio de cinzeiros e as cervejas estão geladas e tem até uma garrafa de algum destilado e essa dúvida que é aquele negócio de velho que todo mundo diz que vai rolar quando você é jovem e está aproveitando a vida do jeito que o Diabo adora: será que eu fiz merda? Por que assim sacomé, não dá pra não pensar nisso quando eu me lembro dos tantos beijos que eu dei e de quantas pessoas legais e incrivelmente inteligentes e especiais no sentido de subversivas não no sentido de quem é portador de necessidades especiais sacomé? Elas eram mesmo epeciais e hoje eu não tenho mais contato com nenhum deles ou delas e eles e elas eram ou pareciam ser tão essenciais na minha vida que eu nem sei como foi que deixei passar aquilo de amizade eterna e amor eterno e nunca vamos nos separar e etecétera e que tais.

Será que eu fiz merda em ser sempre tão independente e autosuficiente e autoritária e cheia de marra quando alguém vinha me dizer a frase que eu mais odiava na vida que era você vai se arrpender disso! - ? A segunda mais odiada era é pro seu próprio bem! Caralho, como é que eu podia ou posso deixar de ser eu mesma por que alguém sabe e quase certamente sabe mesmo que eu vou me arrpender? Eu não estava fazendo mal nenhum a ninguém, tirando um ou outro que eu tive que apagar é claro mas ninguém vai sentir falta desses mesmo e fora isso eu até fiz algum mal a alguém mas principalmente a mim mesma.

E daí? E agora eu esqueci o que eu ia escrever aqui e vou ter que improvisar, então, bateu aquela sensação de que eu dexei passar algumas pessoas e coisas que seriam interessantes hoje mas ainda não tenho certeza de que me arrependo disso por que se eu deixei que algo ou alguém passasse foi por que vinha outras coisas e outras pessoas e os velhos mortos devem dar lugar aos novos mortos como disse aquele escritor tcheco do tempo em que a Iuguslávia era a Tchekoslováquia ou o contrário ou nada a ver mas antes da separação daquelas etnias de qualquer forma.

Ele escreveu um outro livro muito famoso e cheio de leveza e coisas insustentáveis que eu nunca entendi por que foi mais badalado do que esse dos amores tristes e risíveis uma vez que nesse ele fala de uma certa incompreensão entre as pessoas que acaba melando tudo por mais que elas se amem e tem o tal jogo da carona que eu nunca consegui esquecer.

E então eu chego a conclusão de que não não não me arrepdendo de ter dado lugar aos novos mortos se eu não morri antes dos velhos mortos então eles tinham mesmo que passar e que bom cara, que massa que eles passaram por mim e eu por eles por que foi como um fluxo ininterrupto de gente e mentes e experiências que mexeram com minha cabeça e porra foi do caralho que eles tenham passado e no entanto ainda estejam aqui e agora eu sei o que eu queria escrever:

Da vida não levo nada mas deixo um bocado de mim e já posso morrer em paz depois do ponto final!

Iama K
Enviado por Iama K em 01/05/2011
Código do texto: T2942773
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