DOMINGO

Eu não gosto dos domingos, o sol quente, tropical, piorava tudo. Algum vizinho colocou um pagode baiano nas alturas, desse sobe balança a bunda, foi a gota da’gua. Talvez alguns analistas, metidos a entender e explicar o mundo, digam que foi premeditado por eu ter comprado a arma a mais de seis meses. Idiotas! Não sabem que tudo não passa de um click, sai na rua e atirei no primeiro que vi, não senti nada nem dor nem prazer, atirei na cabeça, claro. É engraçado como o mais valente corre, o que mete medo não é a arma é a vontade de matar. Carlão filho da dona da casa do lado saiu na porta, taláveis para ver o barulho, mirei na testa a bala acertou o nariz, nunca gostei muito dele mesmo, a gostosa da aninha estava ali agachada no muro, como se ficar encolhida fosse proteger de alguma coisa, é uma pena, tão deliciosa, atirei no peito não quis estragar o rosto. Cada segundo é uma eternidade, caminho pela rua e atiro em tudo que se move, identidades não importam mais, cansei de olhar nos olhos de quem vai morrer. Gado pronto para o abate, sem futuro, sem alma. Recarregar as balas e uma voz bem fina suplica não me mate, era Ruan, devia ter um sete anos de idade, ninguém vai poder dizer que sou um cara mau, não mato crianças. As pessoas se escondem covardes, tenho que busca-las, ninguém reage, rebanho apavorado, puxo o gatilho e o som do disparo é musica em contra ponto com o grito da sirene do carro da policia, ponho a rama no chão e me rendo, não sou suicida quero vivera minha gloria. Sim! O primeiro que matei foi meu pai e continuo não gostando dos domingos.

Gerald H Campos
Enviado por Gerald H Campos em 28/04/2011
Código do texto: T2936043
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