''  ADELITA  ''

             Ahhh!!! quem por aqui não se lembraria da linda e bonita Adelita..Adelita dos olhos castanhos claros da cor do mel das abelhas-laranjeiras? sua pele ''tigreira'' cor da castanha de caju'? quem a via pela primeira vez, e depois tambem, sempre primeiro olhava para seu rosto lindo e depois para o resto do corpo...ahhhh!!! que corpo!!!

                Corpo que, igual ao de Venus/Afrodite, nasceu tambem com certeza da espuma do mar e seus cabelos feitos das algas do mar, castanhos iguais, mãos e braços divinos, pe's tão femininos, seios do tamanho certo e natural no lugar, ancas grossas prometendo filhos varões e muitas donzelas 'a aquele que dele fosse ''dono'', como se alguem poderia ser dono ''dela''...de que jeito?

                Adelita era livre e solta 

                Apenas duas coisas a segurava aqui na terra onde nasceu, a pobreza e o amor que nutria pela sua familia...a pobreza a afastava das coisas boas e bela da vida mundana e o amor `a familia, o dever para com todos eles, a segurava de ir em busca de fama e fortuna, e aprendeu a ler e a escrever aos trancos e barrancos e aos treze parou de estudar de vez, foi na lavoura trabalhar e quando por la' estava cantava e a todos encantava...

                 E um dia em que estava nos seus dezesseis um convidado especial visitando a fazenda a ouviu cantando , pelo canto se apaixonou e um convite foi feito e Cel.Leoterio dizendo `a familia que a deixasse ir e seguir seu destino, ele em Kleber, seu amigo, confiava, e assim com este aval Adelita tirou seu vestido de chita e seu primeiro sapato usou, trocou tudo por roupas lindas e caras e o trem apitando ao longe não deixou ouvir choros e lamentos....e para a capital federal ela foi.

                 Cinco longos anos se passaram e a familia sempre noticias esperando e um dia o Cel. Leoterio chamando de lado o pai e dizendo que um grande pedaço, na entrada da fazenda era dele agora, Adelita tinha mandado dinheiro para esta compra, mandou construir a casa por la' e a mudança foi rapida...e mais outros dois anos se passou e um dia o Cel. trazendo um aparelho e na casa instalando, era a era do radio e assim puderam ouvir a voz de Adelita soando, saindo daquela maquina, linda, maviosa voz , como um passarinho ela cantando e mandando mensagens aos pais, 'a familia, aos amigos...estava vencendo na capital federal....e meses depois o Cel.instalando outro tipo de maquina, e umas coisas pretas redondas com furos no meio...e quando se colocava isto na maquina, Adelita cantava....assombro!!!

                E chegavam resvistas com ela na frente e no interior da mesma outras fotos e noticias...mas quem lia para eles era o filho mais novo...o unico que sabia ler e escrever e em uma capa ela e a foto do presidente da republica...ela tinha cantado para ele e sua familia em especial no palacio na capital federal...

               Em outra revista mostrava Adelita cantando em Portugal e por toda a Europa...fotos dela no navio, em terra, nos teatros e sempre com roupas deslumbrantes....

                E outros tres anos se passaram e um dia, de surpresa ela veio sua familia visitar....um carro grande, todo preto e mais outros iguais, trazia ela e muitos convidados para na fazenda ficar...ela ficou na casa simples e humilde dos pais, os convidados na sede da fazenda...dez anos tinham se passado, sua familia continuava igual, ela não, toda chic e glamorosa...decidiu, enquanto por la' estivesse chita vestiria e descalça andaria e assim fez....e em todas as noites que por la' esteve cantava e ao povo do lugar encantava....todos , de tanto ouvi-la no radio cantar sabiam de sua fama e vinham de longe ouvi-la...cantava vestida de chita e de pe' no chão...igual a qualquer um deles que por la' estavam...para assombro daqueles que a seguiam desde a capital federal...e fotos eram tiradas e em revistas sairiam com certeza...assim era Adelita, a cabloca Adelita que vestia vestidos de chita e descalça cantava...e como cantava.

                Estava agora com vinte e seis e no auge da fama, amor não tinha tido ainda, Kleber a cercava de tudo e queria e parecia dono dela ser, ledo engano dele, ela era firme e positiva, sabia o que queria...e foi quando voltando para a capital federal e um novo musico na banda começou...Eduardo se chamava, tocava clarinete, era pobre, morava so' na capital, tinha vindo do interior e esperava um dia ser rico e famoso e quando a viu...amou...e ela sorrindo no coração o recebeu.... e com ele se deitou e so' depois, muito depois com ele casou...e Kleber, louco de ciumes e enloquecido uma tragedia consumou....atirou em Eduardo, matou, e ainda tentou atirar em Adelita, ela fugiu, ferida, e Kleber se matou....Adelita sobreviu para ter o filho de Eduardo que no ventre trazia...

                Voltou para a fazenda, parou de cantar e uma unica coisa fazia, criava seu filho, so' para isto vivia e assim viveu ate' os restos do seu dia...usou seu dinheiro para o bem fazer e bem viver...mas isolada do mundo, cercada da familia e do filho.....e eu quando era ainda menina ouvi uma vez ela cantando....e fiquei admirada com sua linda voz...quando ela cantava nem uma mosca se ouvia e quem a acompanhava no clarinete era Eduardo, seu filho...a musica ficou para sempre na minha memoria, e tempo depois eu fiquei sabendo que musica era aquela....

                Fascinação, e foi quando ouvi com a Elis que entendi tudo, a beleza da musica e da letra que fala direto ao coração daqueles que ficam fascinados, apaixonados e amam para toda a vida...felizes destes que se sentem assim, fascinados, apaixonados.....e amam sem limites.

                E me lembro de que naquela noite Adelita encerrou com uma musica que ate' hoje fala direta em meu coração...Ahhh...Eu preciso aprender a ser so'....que Elis tambem cantou....que coisa estas duas, Adelita e Elis, credo que perseguição comigo...deste jeito não tem jeito amo e choro ao mesmo tempo...snif...snif.

               E por causa disto fui ao tumulo de Adelita e coloquei duas rosas vermelhas lindas, uma para ela e outra para Elis....que repousem em paz!!!

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AMELIA BELLA
Enviado por AMELIA BELLA em 25/04/2011
Código do texto: T2930187
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