A Dança Se Reencontra - Capítulo 1
Ele olhava pela janela do trem o brilho da cidade. Todas aquelas luzes, quanto tempo não as via. Quanto tempo não a via. Três anos se passaram e ele ainda pensava nela. Por que ela disse não? Se tivesse aceitado, apesar das dificuldades que enfrentariam, teriam um ao outro. Isso seria o suficiente, estarem juntos seria o bastante. Mas ela recusou.
Ela olhava seu reflexo no espelho. Estava linda, imaculada. Um coque alto prendia seus cabelos castanhos, mas ao mesmo tempo permitia que alguns cachos caíssem sobre seus ombros. A maquiagem fresca no rosto destacava seus olhos cor-de-mel e um perfume doce a fazia flutuar. Ela aparentava muito bem ser feliz. Quem a visse não fazia ideia da profunda dor que sentia em seu íntimo.
Faltava apenas uma hora para o baile começar e ela desceu as escadas envolta de seu vestido pêssego. Ele estava a esperando no final da escadaria.
- Está linda - disse, sorrindo
- Obrigada - ela devia contentar-se?
- A carruagem está nos esperando, vamos? - ele estendeu o braço e ela encaixou sua mão. Devia se sentir completa ao lado do marido, mas isso era difícil. Difícil não, impossível. Há três anos uma parte de si foi levada embora e nunca mais havia voltado. Nem dado notícias.
Eram nove horas da noite, um mordomo sorridente e baixo os recebeu. O salão estava cheio. Os homens em seu traje tradicional: branco e preto. As mulheres coloriam o salão com as cores de seus vestidos. Haviam cadeiras espalhadas pelo local, alguns casais dançavam ao som das músicas que uma competente orquestra tocava e outros apenas conversavam. Uma mesa de aperitivos encontrava-se em um dos cantos sossegados do local. Ela sentiu olhares dirigidos a eles quando entraram, eram um casal comentado. Um casal feliz e perfeito, sem nenhum problema. Exceto a falta de amor. Ambos casaram obrigados. O senhor Brightstone era um homem poderoso, envolvido seriamente na política e ambicioso. Mostrou-se interessado em Katherine e, como era a única das cinco irmãs que ainda não havia casado, os pais não perderam tempo.
Logo que chegaram, pessoas vieram à sua direção. Conversas, negócios e conversas. Ela entiu fome e decidiu ir até a mesa dos salgados. Atravessou o salão e encontrou os tão deliciosos sanduíches de pepino, seus preferidos.
- Vejo que ainda gosta deles.
O coração de Katherine parou. Aquela voz, aquele perfume... Isso só podia significar uma coisa. Ela virou-se rapidamente. Ele estava ali.
- Senhor Wolfram - talvez devesse soar como um cumprimento, mas acabou sendo uma interrogação. O que ele, Thomas Wolfram, fazia ali?