A Dança Se Reencontra - Prólogo

Era meados do século XIX quando, em um salão lotado, eles se encontaram. Na verdade, se conheceram e se apaixonaram. Ela, uma bela jovem, estava começando a descobir a vida. Katherine Banning começara a frequentar a sociedade. Tudo era novo. Coisas que antes eram imaginadas e ensinadas, agora eram reais. Principalmente as danças, as lindas e prestigiosas danças. E ela as observava, sentada em um canto do salão, encantada.

- Senhorita – uma voz apareceu do nada – me concede esta dança? – perguntou o homem parado em sua frente, estendendo uma de suas maos.

- Eu adoraria – disse ela confusa. Ela queria dançar, e com ele. Mas seria sua primeira vez, ela estava nervosa.

Ele a conduziu até o centro do salão onde casais dançavam a alegre música que era tocada por por uma orquestra posicionada no andar de cima. Como não estava no mesmo nível que o resto, não podia ser vista e assim, as belas canções soavam como magia, uma magia vinda do nada.

Sem medo ele começou a dançar e ela, sem hesitar, o acompanhou. Ele era lindo, moreno e com seus traços bem definidos. Cabelo de um comprimento médio, ajeitado perfeitamente para trás, nenhum fio estava fora do lugar. Ele vestia uma camisa branca, colete prateado e lenço. Por cima de tudo, calças e pretas, assim como o paletó.

Katherine flutuava fazendo seu vestido girar com uma leveza inexplicável. Nunca tinha se sentido tão bem. Para ela, estavam apenas eles dois no salão. Katherine e aquele homem…

Ela então se deu conta de que não o conhecia. Ele era um estranho. Estava dançando sua primeira dança com um estranho.

- Senhor – olhou para ele – permita-me preguntar, nos conhecemos?

- Minhas desculpas, creio que nao me apresentei. Senhor Wolfram. Thomas Wolfram.

- Muito prazer, Senhor Wolfram.

- Digo o mesmo, senhorita…

Ela percebeu que ele não terminaria a frase.

- Banning. Katherine Banning.

- Senhorita Banning, é uma honra dançar com você.

Ela ruborizou, como ou sem motivo.

- Obrigada.

Aquele homem a fazia sentir diferente. Ele tinha algo diferente. E era esse algo que causava nela um nervosismo e um frio na barriga, mas ao mesmo tempo, uma confiança e algo estranho. Ela não queria parar de dançar, desejava ficar ali para sempre. Thomas Wolfram era um nome estranho para ela. Será que ele era novo na sociedade, assim como ela, ou apen…

- Costumas dançar com estranhos? – disse ele, interrompendo seus pensamentos.

- Desculpe. O que disse?

- Perguntei se costume dançar com estranhos – somente ela percebeu um uma leve pitada de sarcasmo em seu tom de voz?

- Não senhor, isso não é um de meus costumes. – Disse ela rindo – Na verdade, o senhor é o primeiro.

- O primeiro estranho com quem dança?

- O primeiro com quem danço.

Ele sorriu.

- Agora sim, sinto-me muito honrado.

Dias se passaram e ele precisava vê-la. Conversaram por quase uma hora, depois de dançarem quase cinco musicas juntos, mas não foi o suficiente. Aquela mulher era diferente de todas as mulheres que ele conhecera. O seu jeito, seu perfume, suas brancas mãos, seus olhos cor de mel, a maneira como pronunciava seu nome…

Tudo nela o fazia a querer. Ele desejava passar o resto de sua vida ao lado dela, amando-a. Mas havia um problema. Distância. O tempo que estaria ali era curto. Estava viajando a trabalho e logo queria que voltar. Thomas era um ótimo jornalista que ascendia em sua carreira. Voltaria para sua cidade no dia seguinte e nunca mais veria Katherine. Não queria deixá-la. Não sabia o que fazer. Mesmo partindo em breve, ele tinha que se despedir.

Ela estava deitada em sua cama, pensativa. Não conseguia dormir, aquele homem ocupava quase todos os seus pensamentos. De repente, escutou algo. Um barulho estranho, uma batida. E de novo. Escutando pela segunda vez ela pode identificar que aquilo era uma batida em sua janela. Levantou-se e caminhou em direçao a ela. Abriu e olhou para Baixo. Ele estava lá.

- Boa noite, Senhorita Banning. Poderia jogar suas tranças para eu subir?

Ele a fazia rir. E ela adorava isso.

- O que quer aqui? Morrer? Porque é isso o que acontecerá se descobrirem você aí.

- Então me faça sair. Venha.

Ela não podia fazer isso, era loucura. Mas inconscientemente, fazia. Se seus pais descobrissem…

Preferia não pensar nisso enguanto descia correndo as escadas com aquela luz fraca do candelabro em suas mãos. Abriu a porta com cuidado, evitando todo o barulho possível. Ele a esperava.

- Estava dormindo?

- Tentando.

- Então não estraguei seu sono.

- Por pouco. Você é louco.

- Eu sei.

- Me diga, o que quer aqui? – ela susurrava.

- Vou embora amanhã, retornarei para minha cidade. E nunca mais nos veremos, creio eu.

Ela não sabia o que dizer. Não queria deixar ele ir, mas isso nao era uma escolha.

- Você pode escolher.

O que?

- Escolher?

- Sim.

- Escolher o que?

- Se quer ir comigo ou não.

Beverly
Enviado por Beverly em 16/04/2011
Código do texto: T2913282
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.