Noites do jardim

"Assumi a noite, o vagar, o agir! Mas pus à frente os olhos atentos que comunicam. Esta vontade é mais deles que minha, mais futura que anterior, e surgiu do inexpressivo passado. Na sala, limpeza nenhuma. Bocas murchas apenas, à frente, junto da porta fechada."

(DAS PORTAS DISPONÍVEIS, ESCOLHERAM-ME PARA AQUELA)

"Quase um milhão dos profanos como você chegaram tarde, percebe? Nesta noite que passou, o machado e a vela sopraram para longe as borboletas inocentes. E nada como um novo braço para sorver junto de nós a bebida do marasmo destes dias desesperados! "

(A NOITE QUE ME AFOGOU)

"Eu estava ali, indiferente, não tão vibrante. Mal sabia que aquele momento, que considerava como um outro qualquer, seria, na verdade, um dos momentos mais importantes da minha vida. Para minha surpresa, eu fui escolhido. Para minha indignação, todos nós fomos! Nós fomos vistos. Por mais escondidos que estivéssemos atrás de nossos rostos, fomos percebidos."

(UM OUTRO ANJO)

"Eu chorei em vão. Eu queimei o livro sagrado, sangrei a cruz. Fiz um morto chorar. Mas parecia um alarme falso, tudo estava normal.Todo o furor causado por vacilos e meu rosto agora estava deformado. A dor escondida, o sangue derramado, a alma queimava... o frio solidificou o silêncio."

(TOQUE SE COMA NUS)

"Já havia acontecido outras vezes, mas nunca espetacular desta forma. A culpa foi do auto-golpe. Eu tinha que achar uma punição pelo meu atraso. Sempre digo as palavras certas na hora errada e faço tudo errado na hora certa. Na hora certa daqueles imaginários asquerosos apontarem seus dedos através dos espelhos e me culparem. Eu não gosto nem um pouco deles, mas sem eles me sentiria sozinho."

(COÁGULO)

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Trechos do e-livro "Noites do jardim", disponível na íntegra em minha seção de e-livros. Acessem, leiam e opinem!