Um outro anjo
Estávamos juntos e não desejávamos muito. Queríamos apenas estar perto. Sentir a brisa e o clima de esperança. Juntamo-nos a outros esperançosos. Mundos distantes e mentes diferentes se encontravam, tinham algo em comum. Contos de dor, olhos brilhantes e vozes inabaladas participavam desta história, iniciada há muito e enaltecida por um ser maravilhoso.
Eu estava ali, indiferente, não tão vibrante. Mal sabia que aquele momento, que considerava como um outro qualquer, seria, na verdade, um dos momentos mais importantes da minha vida. Para minha surpresa, eu fui escolhido. Para minha indignação, todos nós fomos! Nós fomos vistos. Por mais escondidos que estivéssemos atrás de nossos rostos, fomos percebidos. Por mais dispersos que pudéssemos estar, estaríamos juntos novamente, unidos por uma força maior, inexplicável.
Adentrei a moradia tão cobiçada, vi sorrisos sinceros e acolhedores. A pureza daquele lugar e daqueles corações fez-me quase voar.
Foi quando me deparei com o anjo. Eu não o conhecia. Não havia nenhum motivo aparente para a emoção, mas eu fui às lágrimas. Eu pude sentir a solidez da bondade ao tocá-lo. Murmurei algumas palavras de satisfação e ele finalmente sorriu. Eu queria agradecer, mas quem agradeceu foi ele. São estas raras pessoas que não permitem que o mundo se torne deplorável por completo. Gotas d'água numa bola de fogo.
(texto que escrevi em homenagem ao inesquecível dia de meu encontro com Chico Xavier, em julho de 1996)
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Este texto faz parte do livro "Noites do jardim", disponível em formato PDF na minha seção de e-livros. Acesse, leia e opine!