Voou

Com os braços abertos esperando que dos poros surgissem penas, ele saltou.

Do décimo sexto andar de um prédio qualquer que lhe fora deveras incomodo no caminho de sua selva de pedra. E não se suicidou porque morrer não era o seu intuito. Sua vontade era algo mais inocente, mais puro de se viver, como o fato de contar regressivamente o momento em que a gravidade não lhe seria lei e a liberdade seria seu império.

10, 9, 8...

Cinco de dez pessoas, dos andares percorridos pelo corpo em declínio, perceberam que um corvo daquela extensão não era normal, nem haviam corvos por ali.

E nos segundos seguintes, tão ínfimos como milésimos, ele sentiu o peso que carregava sozinho nas costas sumir, junto com todas as lembranças daquela vida que já não tinha mais sentido sem aquele momento.

Sentiu o vento fazer piruetas nos cabelos e beijar a face lhe saudando como filho do ar.

Enfim chegou à terra... Que o abraçou desastrada, chorando sangue por ter dado sonhos altos para gente de mente pequena.

Luan Silva
Enviado por Luan Silva em 11/04/2011
Código do texto: T2901433
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