TEIA

TEIA

Sem perceber vou ao encontro “dela”, é noite escura, lugar sombrio e úmido, os cheiros se confundem e não é possível distingui-los.

“Ela” está me esperando, eu mesmo ainda não sei disso, mas sou sua vítima iminente.

Um emaranhado pegajoso e quase invisível me aguarda enquanto eu sigo na sua direção. Meus passos são incertos, minha percepção do meio está embotada, não sei nem mesmo quem sou.

Cada vez mais perto, quase é possível perceber o brilho maligno dos seus olhos refletindo a luz distante não sei de onde.

Num instante livre e noutro...

Zás!!!

Já era!

Vítima presa na sua teia asquerosa onde já não consigo mais debater-me, imóvel e encapsulado espero a sua picada.

Num instante o líquido é injetado, invade minhas entranhas e dissolve minha vontade de lutar.

Preso na sua armadilha só me resta esperar o fim. O tempo passa lento enquanto tudo que sou se desfaz para alimentá-la.

Meus olhos ficam vidrados, meus músculos antes contraídos agora relaxam, minha mão direita se abre, deixa cair com um som oco a seringa vazia tal qual minh’alma.

27/06/2005

Tex
Enviado por Tex em 29/06/2005
Código do texto: T29006