INFÂNCIA - punição ao larápio

Em 1989, eu fazia parte de "clubes" da vizinhança. Um deles era uma barraquinha feita de tábuas. A molecada se aglomerava para contar história, jogar bolinha de gude, apostar figurinha e comer porcaria.

Certa vez cheguei à casinha, construída pelos próprios frequentadores, e escutei alguns garotos dizendo coisas do tipo "é um safado mesmo... vamos até lá, buscá-lo". Fiquei intrigado, mas não perguntei para ninguém sobre quem estavam falando. Estava mais interessado era no jogo de bolinha de gude que rolava do lado de fora do clube. Notei que os garotos que tinham tido aquela estranha conversa estavam de saída.

Uma hora depois eles voltaram trazendo um guri amarrado. Em seguida fiquei sabendo que o "réu" havia roubado revistas eróticas da banca da cidade. Por este motivo, aqueles severos membros do clube estavam "punindo" o larápio. Depois de ficar "preso" por cerca de uma hora na corda, desamarraram o garoto, que foi embora cabisbaixo. Só que a molecada ficou com as revistas!

Foi a primeira vez que vi coisa do tipo. Aliás, revista de mulher pelada eu já tinha visto bem antes. Foi uma Playboy ano 84 que peguei escondido do meu pai. A modelo da capa era Sônia Lima. As revistas roubadas pelo menino eram de sexo explícito. Eu tinha nove anos e vi coisas ali que não conseguia entender. Tamanhos, formas e aspectos que me deixaram chocado. Fiz uma pergunta a um dos garotos mais velhos que me fez ter vergonha de pedir mais detalhes sobre o resto. Observei um negócio brilhante, cilíndrico, cor-de-rosa, em uma das mãos das modelos da revista.

- O que é isso?

- Pinto de borracha!