INEXPERIÊNCIA

Caminhava lentamente pela areia branca da praia, como se nada mais existisse ao seu redor. A aparente tranquilidade em sua expressão e em seus gestos lentos, era o detalhe marcante do cenário. Seus lindos cabelos dourados esvoaçavam ao vento. Os pequenos pés deixavam leves marcas na areia molhada.

Vez por outra olhava com atenção as pequenas e calmas ondas quebrando com suavidade e produzindo um som agradável.

A julgar pela aparência, dir-se-ia estar ali a própria felicidade. Mas seus sentimentos não combinavam nem um pouco com o seu exterior.

Parou e olhou desta vez não para as ondas, mas para a vastidão salgada e azul do mar. Seu olhar parecia procurar algo que lhe desse conforto, mas perdeu-se no infinito.

Rapidamente girou o corpo numa meia volta e a tranquilidade que parecia existir em sua expressão e em seus gestos, desapareceu dando lugar ao verdadeiro sentimento que oprimia o coração angustiado.

Olhou desesperada para a estrada que a trouxera até àquela praia deserta.

Por que fiz isso? – Perguntava-se. Agora sabia o quanto tinha errado. Não podia ter feito o que fez. Fugir de casa porque sua mãe a repreendeu por uma desobediência. Que tolice!

Agora estava ali, com os pés afundados na fina areia da praia, olhando para a estrada e desejando loucamente ver alguém querido surgir diante dos seus olhos cheios de grossas lágrimas que ameaçavam rolar a qualquer momento no rostinho angelical. Desejava a presença de alguém e ao mesmo tempo sentia um medo profundo.

O medo aumentou, tomando conta da sua alma quando viu alguém aproximar-se rapidamente.

Seu coração acelerou e o rosto expressou a ânsia que sentia naquele momento tão difícil.

Quem seria?

Finalmente pôde reconhecer a figura alta e bela de sua mãe, correndo ao seu encontro.

A mulher estreitou-a nos braços trêmulos e com a voz hesitante perguntou:

- Por que fez isso, querida?

Não respondeu, mas, de cabeça baixa, sentiu vergonha.

Neste momento a menina de oito anos começou a temer seriamente as consequências do seu ato impensado. No mínimo ficaria sem brincar com os amiguinhos da sua rua por algum tempo.

De mãos dadas, voltaram para casa em silêncio.

Julieta Bossois
Enviado por Julieta Bossois em 25/03/2011
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