DESABAFO DA NATUREZA
"Estão me destruindo, lentamente.
Será que não percebem que se eu deixar de existir todos os seres morrerão também?
Onde está a indiscutível inteligência que Deus legou ao homem?
É bem verdade que desde o princípio dos tempos senti que seria assim, mas restava-me a esperança de um engano feliz. Afinal, o homem é o ser mais evoluído e portanto o mais sábio.
Mas parece que apesar da evolução natural e de sua grande inteligência, não soube dividir seu tempo com precisão. Tudo indica que não lhe restou sequer um minuto desse precioso tempo que pudesse dedicar a mim.
Preferiu arrancar do seu próprio ego a indiferença e me devastar impassivelmente, sem se preocupar em me renovar para o amanhã.
Sei que sou indispensável à sua sobrevivência e quero ser útil a todos. Essa é a minha missão. Mas, para cumpri-la, preciso ser respeitada.
Todos sabem que é obrigação de cada um me preservar, e que estamos aqui para nos ajudarmos mutuamente.
Por que apenas eu tenho consciência disso?
Às vezes acho que pedir ao homem que me compreenda é pedir demais.
Será que se perdeu no labirinto do seu próprio ego manchado pela nódua do despudor e do orgulho que lhe dominam a mente doentia, causando-lhe a frieza do espírito e o pulsar ritmado e quente de seu coração cheio de vaidade pelo poder de comandar tudo?
Será que não se lembra que antes desse poder, que faz questão de engrandecer, existe o Poder Supremo? E que Ele nos criou para vivermos em harmonia?
Ah, se conseguisse lembrar de tudo isso!...
Sei que se o fizesse lembraria também da minha importância para a sua vida e talvez assim percebesse a necessidade de me respeitar um pouquinho mais!..."
Em sonho, ouvi este desabafo da natureza e acordei triste.
Gostaria muito que as pessoas conseguissem tomar consciência e colocassem em prática o respeito à natureza, antes que seja tarde demais para todos os seus habitantes.
Tudo seria tão diferente para o mundo e consequentemente para nós e nossas futuras gerações!...