O BÊBADO

Passos hesitantes se fazem ouvir na imensa escuridão da noite.

Passam-se alguns minutos e novos passos são ouvidos. Estes são firmes e controlados.

Vê-se um vulto cambaleante surgir numa rua em tosca iluminação. Surge, logo após, outro vulto imponente e ereto.

O primeiro para, obrigando o outro a fazer o mesmo. Olha para trás e nada vê, pois seus olhos estão cobertos por um nevoeiro cinzento.

Continua a caminhar tropeçando em suas próprias pernas.

O segundo o segue em paciente silêncio.

De repente o bêbado cai pesadamente sobre o chão imundo.

O outro se aproxima e colocando-o nos braços fortes, carrega-o cuidadosamente.

Volta e entra na mesma escuridão de onde haviam surgido.

Seus passos são os mesmos, firmes e controlados.

Entra numa pequena e humilde casa. Deposita seu fardo numa cama envelhecida pelo tempo, sob o olhar triste de toda uma família.

Alguns choram. Outros estão endurecidos pelo sofrimento.

O homem de passos firmes olha para cada membro da infeliz família e se retira lenta e silenciosamente, deixando em cada um, a paz reconfortante e uma grande fé, às quais já haviam trocado pelo sofrimento e pela desesperança.

Contemplam o trapo humano despojado inconsciente sobre a cama tosca a se agitar, como se tentasse escapar de algum monstro horrível que o perturbava.

Pensando naquele personagem estranhamente tranquilo, unem-se numa só voz elevando uma prece a Deus. Uma prece simples, mas cheia de esperança e fé.

Logo depois o bêbado podia ser observado a dormir plácida e tranquilamente, um sono silencioso e profundo.

Julieta Bossois
Enviado por Julieta Bossois em 22/03/2011
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