QUE REINE A PAZ MUNDIAL!
Bombas explodindo...
Grandes edifícios desmoronando como simples brinquedos infantis, carros voando pelos ares como pedras atiradas por meninos endiabrados, animais correndo sem rumo, seres humanos destroçados, mortos, feridos... Gritos desesperados, assustados, gemidos lamentáveis.
Era a cena que se desenrolava terrível à nossa frente, nima grande tela azulada na sala escura.
Não se tratava de simples filme de ficção e sim da realidade mundial.
Pensávamos estar provisoriamente protegidos da miséria que acontecia naquela tela azulada de TV. Mas não duraria por muito tempo a nossa privilegiada proteção. Logo chegaria até nós, pois o que parecia distante aos olhos, era curto espaço de tempo para os terríveis "brinquedos" manobrados por mãos insensíveis e inconsequentes.
Não havia surpresa em nossos olhos. Havia apenas um grande medo nos corações indefesos e despreparados para o momento que, sabíamos, chegaria um dia qualquer ou talvez naquela mesma hora.
A tela azulada escureceu e um longo espaço de tempo angustiante e silencioso...
De repente um estrondo ensurdecedor se fez ouvir bem perto de nós. Tudo estremeceu, surgindo grandes rachaduras nas grossas pareces do edifício onde estávamos.
Nova explosão, desta vez mais violenta. Uma parede desabou cobrindo mesas, cadeiras, armários de arquivo e alguns companheiros. Destes ouvimos apenas os gritos abafados e nada mais. Tentamos ajudar, mas não conseguimos.
Éramos agora apenas pessoas apavoradas à espera do momento final. Tremíamos como se estivéssemos em pleno inverno europeu, apesar do calor quase insuportável.
Sentíamos as últimas lágrimas rolarem quentes nos rostos corados. Em cada um de nós estavam estampados o medo e a angústia da impotência.
Novo espaço de tempo silencioso...
Ficamos quietos esperando nova carga a qualquer instante, mas o silêncio continuou no local destruído. Ouvíamos apenas estalitos de objetos queimando no fogo lá fora...
De repente ouvimos ao longe, gritos de alegria e júbilo.
Foi como alucinação para nós.
Os gritos aumentavam cada vez mais, até surgir diante dos nossos olhos incrédulos uma multidão em euforia descontrolada.
-A guerra acabou!... Nunca mais haverá guerra no mundo! - Gritou alguém.
-A paz reinará para todos! - Gritou outra voz.
Olhamos uns para os outros não acreditando no que ouvíamos. E numa grande coincidência, exclamamos ao mesmo tempo:
-Será que finalmente seremos felizes?!...