PESADELO
Estava parada na soleira da porta, admirando a bela paisagem que se descortinava à sua frente, quando algo frio tocou em seu braço.
Olhou assustada e deparou com um ser estranhamente bonito, de olhar penetrante e enigmático. Apavorou-se, mas conseguiu se conter.
Aquele ser fascinante, puxou-a suavemente para fora. Quis reagir, mas algo estranho dentro dela fez com que obedecesse docilmente.
Andaram por um estreito caminho. Aos poucos, foi surgindo ao longe um objeto brilhante.
Aproximaram-se.
Tratava-se de um grande e exótico aparelho semelhante a um chapéu com imensas abas. Tudo à sua volta recebia uma iluminação prateada, maravilhosa, inexistente para ela. Aquilo era absolutamente assustador e lindo! Quis dizer alguma coisa, mas sua voz não saiu.
O ser, impassível, continuou a caminhar ao seu lado sem tocá-la.
Deus, o que seria aquilo? Estaria enlouquecendo? Jamais viveu algo parecido. O que estaria acontecendo, afinal? Por que não conseguia reagir, gritar, lutar?!...
Sentia-se hipnotizada.
O ser gesticulou com a mão e uma enorme e pesada porta se abriu lentamente.
Entraram.
O interior do aparelho era ainda mais fascinante. Tudo brilhava. Era um brilho estonteante e que ao mesmo tempo causava uma paz interior profunda, como jamais havia sentido.
Viu uma cadeira no centro daquilo que parecia ser a sala de controle.
Encaminhou-se para ela e sentou, como se tivesse recebido ordem para isso.
O ser se afastou dela e começou a apertar botões coloridos num grande painel branco. O aparelho produziu um som baixo e suave.
Aonde estariam indo? Por que tudo aquilo estaria acontecendo com ela? Estava terrivelmente amedrontada, mas sentia um fascínio inexplicável por tudo aquilo.
De repente, toda a beleza do ambiente se transformou, passando por uma total metamorfose. O brilho prateado se apagou e o interior foi iluminado fracamente por uma luz avermelhada. O ser, antes tão fascinante, apareceu diante dela monstruoso, macabro. Quis gritar e mais uma vez não conseguiu. Seu grito se perdeu no fundo de sua alma desesperada.
O monstro agarrou seu braço, puxou-a com brutalidade, abriu a porta e sem piedade, empurrou-a para o espaço.
Gritou e desta vez sua garganta emitiu apenas um gemido lamentável.
Tudo desapareceu à sua volta e continuou caindo na escuridão. Sentia o coração apertado por uma angústia louca. Teve certeza que tinha chegado sua hora final. A morte estava cada vez mais próxima. Logo seria o fim de tudo.
De repente, foi sacudida violentamente por duas mãos enormes e fortes.
Gritou com todas as suas forças e pôde, finalmente, ouvir seu próprio grito. Abriu os olhos e viu diante de si um rosto amigo, assustado.
- Querida, está sentindo alguma coisa?!...
Com um suspiro de alívio, só conseguiu agradecer num fio de voz:
- Obrigada, Meu Deus, foi só um terrível pesadelo!