Um susto
Entrou no elevador e apertou o botão do oitavo andar.
Não, não era sua casa. Era seu escritório impecável, livros todos no lugar, sala e banheiro cuidadosamente limpos, computador, um grande bloco em cima da mesa larga, o copo de cerâmica pintada pela mulher, artista de primeira linha.
Ligou o ar refrigerado, mas só na ventilação; não havia calor, era maio. Fins de maio.
Abriu a porta do banheiro. Caído, com leve filete de sangue na boca, seu sócio estava ao chão. Um homem já gasto pela idade. Trabalhava na advocacia por não saber parar. Era um dos melhores, e acreditava que se parasse, morreria por falta do que fazer. Ainda comparecia às audiências e outros procedimentos judiciais, mas o seu forte, terrivelmente forte, eram os arrazoados, perfeitos, os juízes fossem de qual instância, comuns, desembargadores ou ministros tinham gosto de ler sem aborrecimento as razões do velho advogado.
Apavorado, ligou para a polícia. Em pouco tempo estavam presentes dois policiais e a perícia. Não havia sinal de violência.
Removeram o corpo. Ninguém se opôs à autópsia. Afinal, a causa era desconhecida, mas não pelos policiais. O peito arroxeado demonstrava claro enfarte. Cabia aos legistas a palavra final.
Certo. Enfarte mesmo. Mas o advogado jovem estava desconfiado. O colega e amigo havia falado numa mulher que estava de olho comprido no seu dinheiro. Coisas de alcova.
Não resistiu.
- Doutor, e aquela marca de sangue nos lábios?
- Não é muito comum, mas acontece quando o infarto se complica. Pode acontecer um sangramento.
- Infarto mesmo?
- Sem a menor dúvida. O tórax estava muito tomado pelo sangue.
Foi-se embora, compareceu quieto ao enterro, e nada mais falou sobre o assunto. Grazinska era enfermeira diplomada na Rússia, com tese defendida.
Sabia que existem muitas maneiras de matar-se alguém sem vestígios?
Pois saiba! Não é o primeiro caso.
Entrou no elevador e apertou o botão do oitavo andar.
Não, não era sua casa. Era seu escritório impecável, livros todos no lugar, sala e banheiro cuidadosamente limpos, computador, um grande bloco em cima da mesa larga, o copo de cerâmica pintada pela mulher, artista de primeira linha.
Ligou o ar refrigerado, mas só na ventilação; não havia calor, era maio. Fins de maio.
Abriu a porta do banheiro. Caído, com leve filete de sangue na boca, seu sócio estava ao chão. Um homem já gasto pela idade. Trabalhava na advocacia por não saber parar. Era um dos melhores, e acreditava que se parasse, morreria por falta do que fazer. Ainda comparecia às audiências e outros procedimentos judiciais, mas o seu forte, terrivelmente forte, eram os arrazoados, perfeitos, os juízes fossem de qual instância, comuns, desembargadores ou ministros tinham gosto de ler sem aborrecimento as razões do velho advogado.
Apavorado, ligou para a polícia. Em pouco tempo estavam presentes dois policiais e a perícia. Não havia sinal de violência.
Removeram o corpo. Ninguém se opôs à autópsia. Afinal, a causa era desconhecida, mas não pelos policiais. O peito arroxeado demonstrava claro enfarte. Cabia aos legistas a palavra final.
Certo. Enfarte mesmo. Mas o advogado jovem estava desconfiado. O colega e amigo havia falado numa mulher que estava de olho comprido no seu dinheiro. Coisas de alcova.
Não resistiu.
- Doutor, e aquela marca de sangue nos lábios?
- Não é muito comum, mas acontece quando o infarto se complica. Pode acontecer um sangramento.
- Infarto mesmo?
- Sem a menor dúvida. O tórax estava muito tomado pelo sangue.
Foi-se embora, compareceu quieto ao enterro, e nada mais falou sobre o assunto. Grazinska era enfermeira diplomada na Rússia, com tese defendida.
Sabia que existem muitas maneiras de matar-se alguém sem vestígios?
Pois saiba! Não é o primeiro caso.