SE FOR A ALGUM MOTEL, GUARDA A ALIANÇA!

O meu vizinho é um senhor muito cuidadoso. Desde que ele se casou, há 25 anos, que conserva a sua aliança. Já a sua esposa, de tanto usar a mão em vários produtos de limpeza, talvez, mesmo sendo zelosa com as suas coisas, com o passar do tempo, à sua revelia, amassou a sua aliança. Por esse motivo, de vez em quando, demonstrava um desejo veemente de ganhar uma nova. Afinal, o casal iria fazer bodas de prata do casamento enão achava justo sair por aí com aquele símbolo já bastante desgastado, amassado.

O tempo foi passando e ele ia sendo arrumando alguma evasiva para concretizar aquele desejo da companheira. Então, quando saiu do último emprego, deu entrada na aposentadoria por tempo de serviço. Já estava com 55 anos de idade e 35 de carteira assinada. Neste ínterim, enquanto ficou desempregado as contas não paravam de chegar e o pagamento das mesmas sempre postergado. Pra apertar mais a situação financeira da sua família, a filha que trabalhava e ajudava no mantimento da casa resolveu se casar. Mediante esta situação, a sua esposa teve a iniciativa de fazer algo fora de casa e resolveu arrumar emprego.

A princípio, apesar de não ter mais aquela idade de instabilidade de sentimentos, ou seja, ter algum ciúme da esposa, quando a via sair toda arrumada, sem querer sentia um pequeno vazio dentro de si e um espaço muito grande na cama do casal, uma vez que ela arrumou um serviço para trabalhar no período noturno.

Neste meio termo, eis que saiu a sua aposentadoria. Sendo assim, logo que recebeu o primeiro pagamento, já procurou logo fazer uma surpresa agradável à sua mulher, por sinal, 15 anos mais nova do que ele. Então comprou um lindo par de alianças, que chamava a atenção da mais incauta das criaturas. Para os curiosos, era um prato cheio para algum tipo de inveja. O importante foi que ela ficou bastante satisfeita e feliz.

Infelizmente, certo dia, o meu vizinho cometeu um deslize verbal num local e momento errados. Aconteceu que, n exato momento em que ele ia chegando ao seu condomínio, por volta das 18 horas, deparou-se com a sua mulher, como sempre bem arrumada, perfumada, a qual ia saindo no portão do prédio. Até aí, tudo normal. Só se naquele local, naquele exato momento não houvesse um grupo de pessoas que adora a vida alheia e ele, inocentemente, soltou esta pérola, em voz alta:

-Olha, SE VOCÊ FOR A ALGUM MOTEL, TIRA A ALIANÇA!

Ela confirmou com a cabeça, virou as costas e saiu já imaginando na celeuma que aquele súbito pedido do marido, feito num momento errado, iria dar. E tentou esquecer aquilo, por alguns momentos.

No dia seguinte, até ele tentar explicar o motivo exato daquelas palavras proferidas à sua mulher, a sua testa já estava enfeitada de qualquer maneira.

Por que o meu vizinho pediu que a esposa dele guardasse a aliança se fosse a algum motel? Dou um doce pra quem souber a resposta correta.

- Pra não amassá-la? Responderá alguém.

- Ora, se uma mulher for a um motel, evidentemente, será amassada!... - Difamará outro

Que mentes poluídas, meu Deus! Pois não é nada disto que as pessoas maldosas estavam pensando ou comentando.

A esposa do meu vizinho estava saindo toda arrumada naquela hora, simplesmente porque era arrumadeira, camareira, faxineira e, às vezes a Cooperativa onde ela era cadastrada, lotava as pessoas conforme a necessidade das firmas ou empresas. Ou seja, ela não tinha um trabalho fixo e muito menos local ou horário. Quando o telefone da sua casa tocava e o seu chefe a chamava para trabalhar, com algumas horas de antecedências, é que ela ficava sabendo onde seria sua atividade. Geralmente era em hotéis ou motéis. Dificilmente era lotada em alguma firma de produção. Eis aí a dúvida do seu marido e falou daquele modo, por sinal, com um nítida duplo sentido.

Pra dissipar aquele mal entendido que virou uma bola de neve em forma de fofocas, chacotas, ele teve que explicar a quem se interessasse. O que ele não queria mesmo era ouvir falar que era conivente com uma possível traição de sua esposa.

É a vida, gente!

João Bosco de Andrade Araújo

JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 13/03/2011
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