Um livro para amar
Sentei no sofá e abri o livro. Corri os olhos pelo prólogo me deleitando de cada palavra. Peguei-me de repente rindo. PRÓLOGO... Meu antigo professor de português adorava falar isso - “Vamos dar uma olhada no prólogo da obra”, “Pessoal, o que vocês puderam notar já a partir da leitura do prólogo? ” – Quase pude ouvir sua voz, acho que peguei essa do vocabulário dele. Depois do lapso de pensamento finalmente abri a obra sendo atenciosa o suficiente para não machucá-la, livros devem ser tratados como pessoas (algumas).
O cheiro das páginas me levou novamente à nostalgia. Nostalgia dos dias em que tomei café na livraria e depois passei horas lendo os benditos prólogos com o Eduardo, antes que ele fosse para os Estados Unidos. Li naquele sofá talvez mais da metade do livro vertiginosamente, devorando as palavras no mesmo ritmo rápido que a autora havia imposto. Em um segundo a leitura cessou, senti que aquelas páginas haviam rasgado todos os pontos que eu havia dado em meu coração dois dias antes, quando supostamente havia decidido superar os antigos amores. E de repente o vertiginoso virou vagaroso e sensação mágica da leitura virou dor, que virou lágrima.
Acompanhei o restante da história me vendo em cada ação da personagem. Enxerguei os mesmo sentimentos saindo do meu peito, a mesma duvida e o mesmo erro. Comecei a prestar mais cuidado às palavras e a sentir sua emoção. Vi meu coração disparar talvez de ódio ou tristeza algumas vezes e chorei a cada instante até que chegasse a contracapa, aonde escrevi uma dedicatória e decidir presentear alguém com aquele livro, dono de minhas lágrimas.
“Quando não se gosta de ler é porque o livro ainda não foi encontrado, aquele, que detém todos os sentimentos que você leva ocultos em seu coração. Uma vez tive vontade e abrir o meu para você e não o fiz. Alguém fez isso em meu lugar, traduzindo em palavras sentimentos intangíveis. Espero que goste”