Pequena trilogia II – Adágio D’una Flor
É chamado de mais uma invernia. Não o inverno que levanta geada lá fora, mas aquele que reponta um agosto aqui dentro.
A flor perdeu seu poeta. Na verdade a privaram de sua presença. Suas pétalas esmaecem o brilho de outrora, e seu perfume doce de alecrim serenado torna-se seco e amargo com nuances de dor, ausência, incerteza e saudade.
O poeta? Ela não sabe onde esta, nem como esta, e aguarda pacientemente outro chasque, outro sorriso, outro olhar afetuoso, outra copla andeja, que leve embora o vento agourento desse agosto e traga o serenal de carinho nos setembros do porvir.
A flor aguarda uma resposta. A flor aguarda os abraços do seu poeta, e espera, talvez até a próxima primavera para que ame e seja amada. Para que se sinta plena ao ouvir a voz do seu poeta, novamente a chamando: mi flor.
“Às vezes tenho na alma
Quase tudo que preciso
Uma palavra, um sorriso
Para dar ao sonho este afã.
Pois já faz tempo que chega
Nos mates com boas vindas
Uma lembrança que ainda
Me adoça a cada manhã” (Gujo Teixeira)