Pequena trilogia II – Adágio D’una Flor

É chamado de mais uma invernia. Não o inverno que levanta geada lá fora, mas aquele que reponta um agosto aqui dentro.

A flor perdeu seu poeta. Na verdade a privaram de sua presença. Suas pétalas esmaecem o brilho de outrora, e seu perfume doce de alecrim serenado torna-se seco e amargo com nuances de dor, ausência, incerteza e saudade.

O poeta? Ela não sabe onde esta, nem como esta, e aguarda pacientemente outro chasque, outro sorriso, outro olhar afetuoso, outra copla andeja, que leve embora o vento agourento desse agosto e traga o serenal de carinho nos setembros do porvir.

A flor aguarda uma resposta. A flor aguarda os abraços do seu poeta, e espera, talvez até a próxima primavera para que ame e seja amada. Para que se sinta plena ao ouvir a voz do seu poeta, novamente a chamando: mi flor.

“Às vezes tenho na alma

Quase tudo que preciso

Uma palavra, um sorriso

Para dar ao sonho este afã.

Pois já faz tempo que chega

Nos mates com boas vindas

Uma lembrança que ainda

Me adoça a cada manhã” (Gujo Teixeira)

Danielle Lorenzi
Enviado por Danielle Lorenzi em 11/03/2011
Reeditado em 11/03/2011
Código do texto: T2841620
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