Pequena Trilogia I - O poeta e a Flor
Nos jardins do existir, tantas eram as flores: maçanilhas, jasmineiros, araçás, flores do campo, rosas e figueirilhas. Mas uma em especial chamou para si o sentir do payador campesino: a flor de alecrim. Toda vez que o poeta ia matear ladeando a quincha do galpão ficava em sua companhia, fitando-a em silêncio, versejando a que para ele era a flor mais bela.
O que tinha a simples flor para atarir assim o sentir do poeta? Não sei. Só sei que o poeta precisa da flor, para ver o mundo mais doce, para poder cantar. E a flor precida do poeta, para ser amada, eternizada em seus versos.
E seguiram assim, a flor e o poeta, com afeto recíproco.
Este outono judia, com um vento frio e a geada serrana. A perene flor se foi. Mais o poeta aguarda pacientemente a próxima primavera, pra que a flor de alecrim possa lhe sorrir e o amor no peito possa novamente cantar.
E a flor espera o próximo setembro, para que entre os ternos braços do poeta possa lhe perguntar entre beijos:
"- O que seria da vida
Se um dia o poeta sem luz resolvesse calar?
-Seria um mundo sem cor e sem calor
Seria um verso sem luz
Seria a calma sem rumo.
E o amor,
O amor perdido na poeira."(O Poeta)