Pequena Trilogia I - O poeta e a Flor

Nos jardins do existir, tantas eram as flores: maçanilhas, jasmineiros, araçás, flores do campo, rosas e figueirilhas. Mas uma em especial chamou para si o sentir do payador campesino: a flor de alecrim. Toda vez que o poeta ia matear ladeando a quincha do galpão ficava em sua companhia, fitando-a em silêncio, versejando a que para ele era a flor mais bela.

O que tinha a simples flor para atarir assim o sentir do poeta? Não sei. Só sei que o poeta precisa da flor, para ver o mundo mais doce, para poder cantar. E a flor precida do poeta, para ser amada, eternizada em seus versos.

E seguiram assim, a flor e o poeta, com afeto recíproco.

Este outono judia, com um vento frio e a geada serrana. A perene flor se foi. Mais o poeta aguarda pacientemente a próxima primavera, pra que a flor de alecrim possa lhe sorrir e o amor no peito possa novamente cantar.

E a flor espera o próximo setembro, para que entre os ternos braços do poeta possa lhe perguntar entre beijos:

"- O que seria da vida

Se um dia o poeta sem luz resolvesse calar?

-Seria um mundo sem cor e sem calor

Seria um verso sem luz

Seria a calma sem rumo.

E o amor,

O amor perdido na poeira."(O Poeta)

Danielle Lorenzi
Enviado por Danielle Lorenzi em 11/03/2011
Reeditado em 11/03/2011
Código do texto: T2841491
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