sofy em um século de pre-conceitos

Em meados de 1920, Samanta e Joaquim, um casal apaixonado, porém paupérrimos, visto que eram camponeses, deram a luz a uma menina linda, pela morena clara, olhos da cor de mel, cabelos enrolados, e ela deram o nome de Sofia Castro, a mãe de sofia fragilizada com as dores do parto e debilitada pela tuberculose faleceu meses após seu nascimento, deixando Joaquim seu pai, em muitas dificuldades, tendo de lhe dar com o trabalho pesado do campo para se sustentar e ainda sustentar a pequena sofy, como carinhosamente a chamavam. Jaquim pensou muito e decidiu deixar sua pequena sob os cuidados de seu amigo, José, que tinha vida melhor que a dele.

José não muito satisfeito co a menina fez Joaquim prometer que em troca de cuidar da menina ele teria para si o dote dela quando esta fosse moça, e fosse se casar, Joaquim não tendo alternativa aceitou, despediu-se de sofy, ainda recém-nascida com um beijo, e saindo em seguida para tentar sobreviver com o pouco que lhe restou.

Sofy, era pequenina demais pra se lembrar de seus pais, mas sempre soube que não era filha de José, que a tratara com desdém, e mesmo sua mãe adotiva Antônia, que não fazia questão de Sofy por perto, mas a despeito de tudo sofy nunca fora maltratada, apenas não era amada como os filhos de Antônia e José, mas crescia feliz e alegre, muito embora distante e sempre levando a mão um caderno que lhe servia de diário. Sofy aprendera a ler na província onde moravam, uma fazenda chamada de Sete Lagoas, recentemente ganhara o titulo de município, e desmembrara desta região, que passou a chamar-se santa Luzia, mas ainda não passava de uma grande fazenda. Sofy crescera ali, em meio a capelas, igrejas e grandes casarões, soube mais tarde, ainda na infância que seu pai, havia falecido também vitima de tuberculose, José fizera questão de dizer-lhe que não era seu pai, pra Sofy aquilo era uma grande alívio, nunca quis parecer-se com este homen, que pra ela não passava de um grosso, um senhor de escravos que não tendo mais a quem castigar fazia isso com as pessoas a sua volta, pelo puro sabor de fazer maldades e todos os filhos e filhas lhe eram subordinados, e a mulher submissa. Sofy odiava essa situação.

Mas o tempo passou pra Sofy e ela estava pra completar seus 15 anos, e ao invés de bodas, sentia seu coração bater mais forte, sabia que nessa idade seria apresentada a um rapaz com a intenção de casar-se, era assim ainda nessa região. E assim foi feito seu pai adotivo José a apresentara a um rapaz conhecido e bem quisto da região, Renato Orleans, o rapaz era até jovem, diziam que não tinha mais que 20 anos era dono de muitas posses e um dos partidos mais disputados pelas moças da região.

Acontece que sofy até gostou do rapaz, mas a algum tempo nutria uma afeição especial, por outra pessoa e sabia que jamais aceitariam o que ela estava sentindo, sabia ser um pecado mortal, como ouvira em tantas missas, Sofy em tantas brincadeiras com suas irmãs, esmeralda e Ágata, nessas brincadeiras de quarto de meninas, sempre era usada pelas irmas, e sempre acabara gostando mais das brincadeiras, principalmente da irma mais velha quando dizia que estavam a ensinando a beijar e então beijam Sofy, nos labios, ela nunca achou anormal, até gostava.

Sofy, não podia deixar de aceitar, mas não podia deixar de sentir o que sentia, e por isso correu pro quarto, deixando o rapaz na sala com seus pais, José desculpou-se pela filha dizendo que os filhos bastardos são muito ingratos mesmo, principalmente aquela que sequer era sua, Renato entendeu a situação e prometeu voltar depois pra conversar co a moça mais a vontade, tendo total aprovação da família desta.

Naquela noite as irmãs de Sofy, já imaginando o motivo pelos qual esta não aceitara o convite resolveram dizer que era ela quem fazia as brincadeiras e que certamente estaria apaixonada por esmeralda, a mais velha, e isso disseram aos pai, que tratou de repreender a filha e a obrigar a aceitar o convite de Renato Orleans, do contrário a expulsaria de casa e faria com que todos soubesse se sua safadeza.

Sofy chorava, sabia que não era verdade o que diziam, tendo sido obrigada a conversar com o rapaz, mas a essa altura o temor fizera Esmeralda, prometida a Fernando Orleans irmão de renato, a dizer sua versão odiosa do que acontecera ao cunhado Renato, Renato possesso com a noticia e escandalizado pelo fato de ser rejeitado por sua prometida estar apaixonada por uma mulher, resolvera mostrar a ela como é ter um homen. Pensava Renato que iria fazer com que Sofy nunca mais quisesse pensar em outra coisa se não nele.

Renato Orlens, era muito mais que Sofy poderia imaginar, ora quem esta meretriz pensa que é, assim pensava o rapaz, que tendo chegado a casa da jovem moça, chamara-a pra conversar nps fundos da fazenda, cientes toda a família que o rapaz estava possesso, nada fizeram, pois todos queriam que a moça tivesse uma lição, pelos seus atos e pensamentos pecaminosos.

Renato chegando com a moça próximo a lagoa nos fundos da estância, jogou-a no chão tirou-lhe as vestimentas e em gritos disse que esta noite ela conheceria um HOMEN e nunca mais pensaria na filha de José. Renato a possuiu a força enquanto Sofy gritava, todos sabiam o que estava acontecendo, mas ninguém quis socorrer sofy, terminado o ato insano, renato não se sentia mais homem, mas Sofy era naquele momento um trapo humano, se sentia suja, humilhada e renegada, sentia um ódio tao grande pelos homens que poderia matá-los todos e teria prazer em fazê-lo. Não conseguiu sair de onde estava, renato foi embora e a deixou ali, jogada sofy arrastou-se no dia seguinte estava maltrapilha e muito desnorteda, todos a viram entrar na casa, renato já havia passado por lá, e certo que iria se casar com a moça, pra que ela não fosse mal falada, ninguém cobrou nada dele, mais felizes ainda estavam pela certeza de um dote que renato lhes pagaria porque apesar de tudo que haviam dito da menina, sabia que era era virgem.

Naquele dia Sofy nada afez tomou muitos banhos, como se quisesse se limpar daquela sujeira toda, sentia um ódio mortal por sua irma, como pode lhe ser tão cruel? E ela a amava tanto. Sofy chorava e certa estava de que aquela seria sua ultima noite naquela casa, pensou em seus pais, será que eles a tratariam assim? Naquela hora sentiu um frio e sua barriga, e rezou pelos pais que sabia já estarem mortos. Esperou a noite chegar até a hora em que todos estivessem dormindo, pegou um pouco de roupa, algumas frutas e fugiu da estância, caminhou por dias incansáveis até deparar-se com a tão falada cidade de sete lagoas, onde conheceu por ironia do destino um padre, que a recolheu com todo carinho, a essa altura sofy estava um pouco doente, setia tonturas e nauzeas, já haviam alguns dias que estava caminhando sem rumo pelas matas. O Padre que Sofy chamava carinhosamente de Manolo, foi solidária a sua história e decidiu cuidar de Sofy, contando com a ajuda dela nos afazerem domésticos da igreja que eram muitos e o velho padre já não estava em idade pra tanto trabalho, Sofy foi agradecida ao senhor e passou a ser cuidado e a cuidar do padre como a um pai, meses mais tarde já era notório que Sofy estava gravida, estava ainda por completar 16 anos, e a ideia de gravidez a fizera sofrer muito, até que conheceu uma moça chamada Alice, cuja pele alma e olhos de esmeralda a cativaram desde o primeiro instante, aqueles cabelos negros e estatura pequenina, Alice estava grávida como ela, e isso as aproximaram, o Padre nunca viu Alice, o que ajudara a acreditar que não passasse de um ilusão da Pobre Sofy tão atormentada pelos sofrimentos que a vida lhe causara.

Manolo cuidava de Sofy, até que a criança nascesse, era uma linda menina, cabelos negros e olhos da cor de mel como a mãe, lábios avermelhados, Sofy tão logo a viu chamou-a Alice, então o Padre Manolo entendeu todo, e em silencio viu-se uma lágrima cair dos olhos do pobre vigário. Sofy tinha agora de cuidar de sua pequena Alice, que a encantar a cada segundo, e parecia crescer tao rápido que ela nem percebia o tempo passar. Sofy esquecera sua família, suas tristezas, e seu mundo passou a ser o pequeno olhar daquela terna e doce criatura que a chamada de mãe.

Certa feita o padre manolo tivera de ausentar-se pra cuidar de assuntos de uma quermesse que teria em sua capela. O padre não sabia que o senhor que lhe oferecera o material fora ser exatamente José, o pai adotivo de Sofy, que resolvera visitá-lo, enquanto este viajava, o senhor José vendo nos fundos da igreja uma jovem brincar com a criança aproximou-se, de súbito reconheceu Sofy, e não tendo reação sacou se sua arma dizendo: - vagabunda, então esta na sem vergonhice com o padre, mas não pode casar com o Renato Orleans, que sua geração toda seja amaldiçoada e você não passa de hoje, disparando em direção a Sofy, que cai imediatamente, ferida, nesse momento Alice corre e direção a uma moça que estava ao longe era a Alice das alucinações de Sofy, que leva a criança até uma casa vizinha, a pequena Alice é acolhida e dos lábios de Sofy ouve-se ainda dizerem, Pai... eu sempre o amei, porque não me aceita como sou, porque me preferes morta... pai... porque me tiras a vida que não você quem me deu.., porque pai? Porque você?

Ao ouvir isso José foge desesperado, percebendo a imensa loucura que acabara de fazer. Inexplicavelmente a pequena Alice é acolhida pela irmã de Renato Orleans, que morava em Sete Lagoas, por sua família entender que ela precisava ficar distante dos demais por ser muito independente, o que não era aconselhável a uma mulher, a pequenina fora colhida por Felícia Orleans, a irma mais velha, dada aos estudos e não tivera contato com os irmãos mais novos, e muito se falava de sua vida já que era bem vivida e nunca havia se casado. Alice achou em Felícia uma outra mãe e tao logo o Padre Manolo chegou tratou de contar toda a história de Sofy, que fora levada pelos populares ao hospital, e por uma sorte do destino não tivera uma perfuração grave e conseguiu sobreviver, sendo muito bem acolhida por Felícia que jurou nunca contar de sua sobrevivência à trágica tentativa de homicídio de seu próprio pai, que daquele dia em diante nunca ais visitou a capela do Padre Manolo.

E há quem diga que Felícia e Sofy, moraram juntas daquele dia em diante, e ninguém disse nada a respeito das duas porque Felícia era uma mulher renomada e de família nobre, além de ser médica, Sofy aprendeu muito com ela, e conheceu uma sensação que nunca havia experimentado antes a felicidade e a pequena Alice desde então era só alegrias.