A VIDA DE UM BOI, do nascimento ao abatimento
E nasce o bezerrinho. Tão bonitinho. Filho do mais caro boi campeão. Sua mãe, escolhida dentre as melhores vacas no mercado. Mas eles nunca nem mesmo se viram. Mas que falta de romantismo!
Bezerro saudável e serelepe. Corre alegre no pasto, bebe leite fresco direto das tetas da vaca mais próxima. É uma comunidade muito unida!
Beleza. Esse era o nome de nosso querido protagonista. O pasto era grande para ele, tão jovem. Teve uma infância muito feliz ao lado de seus amigos e família. Amavam-se! Alguns de seus amiguinhos desapareciam, ora com freqüência ora não. Diziam que tinha ido para o abatimento, mas isso é apenas lenda. E também achava, Beleza, que podiam ter pulado a cerca e fugido, ou algo assim. Mas assim mesmo, seus amigos e família sentiam muita falta e se entristeciam.
Com o tempo passando, Beleza vai crescendo e assim o pasto se torna pequeno demais para ele. Acabou assim, descobrindo que era impossível pular essas cercas, foi vivendo, simplesmente levando a vida. Preso, meditabundo, comendo o pasto, bebendo água, observando a paisagem. Dormia, e quando acordava, a mesma coisa: pasto, água, tristeza e sono. Não sabe o que são dias, horas, nada relacionado ao tempo. Nasce e vive ouvindo a historia de que no final de tudo, viramos comidas para humanos. Mas todos sempre acham que não passa de piada. “ Nós nos alimentamos tão bem só com o pasto. Somos fortes, bonitos e grandes. Para que humanos vão comer a gente?!”. Não acreditavam que alguém seria capaz de uma crueldade dessas.
Um dia, Beleza estava distraído, quando o laçaram e o levaram dali. Foi seguindo ate um quartinho. Sempre com os olhos arregalados sem entender nada. Dava muitos mugidos pelo caminho. Eles entram. As portas se fecham. Só foi ouvido: “É verdade, era tudo verdade...” e um ultimo e desesperador mugido. Depois, nunca mais foi visto.
Seus amigos sentem muito sua falta, choram de saudades, mas as vezes soltam: E o safado nem se despediu!