É Mais Fácil Morrer

Bastou atravessar a rua com algumas notas em mãos e trocar algumas palavras com um vagabundo. Voltou pra casa sentindo o peso do ferro no bolso. Entrou no banheiro e contemplou a coisa; preta, fria, mais pesada do que ele poderia imaginar. Abriu o tambor. Duas balas. Colocou o cano na boca, como se fosse o caralho que nunca chupou na vida. Lambeu a buraquinho como se fosse uma glande - que nunca lambeu na vida. Repousou o cano no peito. Se fosse um romântico poderia acreditar que disparando no coração, erradicaria suas mágoas gradativamente na agonia pré-morte. Mas sabia que o cérebro tinha autonomia de continuar projetando imagens mesmo durante alguns segundos após a cessão dos batimentos cardíacos. Uma porra de vida de merda do caralho dessa; por que haveria de querer segundos a mais? Armou o cão, colocou o cano na cabeça e puxou o gatilho.

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 20/02/2011
Código do texto: T2804693
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