Inocência...
Quando perdemos a inocência, a vida se torna mais dura e não mais nos seduz. Não a inocência da infância, onde não sabemos o que é certo ou errado e sempre recebemos um não como resposta, ou mesmo a inocência da juventude, quando somos iniciados aos prazeres da carne e desejamos ser amados e adorados e que encontraremos um dia alguém que nos ame de verdade e seremos felizes para sempre!
Mas, refiro-me à perda da inocência, quando descobrimos como a vida é, como o mundo é, de que nada, nada mesmo que nos foi ensinado tem valor algum para nos fazer felizes pela vida, de que a tão idolatrada felicidade não existe, que temos mais momentos tristes e fracassos do que momentos de alegria durante toda nossa existência! E, então, assustamos! Por algum tempo, ainda vivemos presos aos valores do passado, fazendo deles alicerceis falsos para nossa sobrevivência, como uma desculpa por não sabermos o que fazer, que atitude tomar e como diz um ditado popular... ficamos como um cachorro quando cai de um caminhão de mudança, que não sabe voltar para a casa velha e nem ir para a casa nova!
Começamos a perceber que os valores antigos não mais tem efeito algum em nossa vida, foram apenas paliativos para nunca desesperamos, vivendo de esperança, que um dia também percebemos que é apenas uma ilusão, que a realidade nua e crua de que não somos nada e que sempre camuflamos ou nos ensinaram a camuflar é que realmente rege a vida.
Um abismo! E nada que nos dizem acreditamos mais, pois não nos protegeram contra as maldades dos seres criados por "Deus", que juram praticar o bem, como uma fachada para encobrir suas canalhices e interesses... Todos apenas querem se dar bem!
Então, não somos mais inocentes! Como também, não sabemos fazer maldades como os outros! Perdemos a mais sagrada e virtuosa das forças que move a vida: os sonhos! E somente uma realidade cruel de desencantos nos envolve e nada mais nos alimenta em nossa existência! Tudo está bom! Tudo será como "Deus" quiser!
O dia mais cruel de nossas vidas é o dia em que perdemos a nossa inocência em relação à vida e a vemos não como um presente, mas como um fardo e lentamente nos entregamos e deixamos que os anos nos corroam sutilmente até que um dia possamos descansar eternamente na esperança de que pelo menos isso seja verdade...
Infelizmente, vivemos apenas de esperança, nada mais!
Fim.