FIOTE

FIOTE!!!

João e Lídia se casaram cedo, ele com vinte e um anos e ela com dezenove, eram apaixonados desde crianças: brincava juntos, foram colegas de escola e por isso se casaram e fizeram planos de ter muitos filhos e de serem sempre muito felizes, mas a vida nem sempre é como as pessoas sonham ou desejam.

E para João e Lídia também aconteceu assim, porque nem todos seus lindos sonhos se realizaram, porque felizes eles eram um com o outro, mas seu maior sonho que era ter muitos filhos, parecia que não ia se realizar, porque depois de dez anos de casados e sem filho algum, eles já quase não tinham esperanças.

Durante todos esses anos o casal fez exames, tratamentos e até terreiro de macumba eles procuraram afim de ter os sonhados filhos, mas nada funcionava; os médicos diziam que eles eram saudáveis, normais e podiam perfeitamente procriar, mas nada acontecia e cada vez mais sua angustia e sofrimento crescia.

No décimo segundo ano de casamento eles já nem sonhar sonhavam mais, estavam conformados com seu destino e convencidos de que não vieram ao mundo para deixar descendentes, mas como o sofrimento os unia cada vez mais, continuavam felizes e cada vez mais unidos e decidiram esquecer o assunto.

Quando João completou quarenta anos e Lídia trinta e oito já não esperavam ter filhos, mas tomaram um alegre susto ao descobrir que Lídia estava finalmente grávida, a felicidade daquele casal foi enorme; mandaram celebrar uma missa em ação de graças e depois da missa reuniram os parentes e amigos para comemorar.

Nenhum casal viveu os nove meses de uma gravidez, com uma alegria e felicidade maior que a deles: os preparativos para a chegada daquela tão esperada criança, foram feitos com um capricho e carinho nunca vistos antes, Lídia bordou todas as pecinhas do enxoval, em rosa e azul, sem saber se seria uma menina ou menino.

Um quadro de Nossa Senhora do Bom Parto, foi colocado na parede do quarto de Lídia, para protege-la e ajuda-la no nascimento da criança e no final dos nove meses chegou finalmente o grande dia; Lídia estava tão feliz que nem as fortes dores diminuía sua felicidade.

Depois de algumas horas de trabalho de parto, a criança nasceu, chorou bem alto e parecia que estava tudo bem, era um menino bonito e gordinho e o casal não sabia o que fazer com tanta felicidade; lhe deram o nome do pai, mas não o chamavam de Junior e sim de Fiote, até o primeiro aniversário foi tudo bem.

Mas notaram que ele era bem quieto, não andava, nem falava e não se interessava pelos muitos brinquedos que tinha, preocupados os pais resolveram leva-lo a um especialista em neurologia e o resultado dos exames mostraram que aquele menino tinha uma deficiência mental e pensaria sempre como uma criança, jamais seria um adulto.

Arrasados com a noticia, João e Lídia voltaram para casa, choraram e rezaram muito pedindo a Deus orientação e de repente tudo ficou claro para eles e entenderam que se Fiote seria uma eterna criança, tinha que ser uma criança muito feliz; seria criado com muito amor e carinho e eles o protegeriam sempre.

Os anos passaram, Fiote cresceu e se desenvolveu bem dentro de suas possibilidades: aprendeu a escrever e ler com sua mãe, tocava violão e cantava lindas canções, tinha dificuldade de fala, que desaparecia quando ele cantava; João e Lídia agradeciam sempre a Deus pelo eterno menino, que enchia suas vidas de alegria e felicidade. Ele era uma benção.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 19/02/2011
Código do texto: T2801607
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